O tribunal rejeitou suspender o julgamento de Ricardo Salgado. Na semana passada, a defesa apresentou um atestado médico do antigo banqueiro que o diagnosticava com Alzheimer.
O coletivo de juízes considera que essa limitação não é impeditiva da prestação de declarações e, por isso, o julgamento vai continuar como estava planeado, ao contrário daquilo que a defesa de Ricardo Salgado tinha pedido.
O requerimento a solicitar a suspensão do julgamento deu entrada no tribunal no dia 14 de outubro. No relatório está explicado que Ricardo Salgado sofre de um declínio cognitivo progressivo que leva à falta de memória e uma incapacidade de se autodefender em tribunal.
O neurologista do antigo banqueiro sublinhou que o estado de saúde do homem de 77 anos possa agravar-se se for colocado em situações de stress ou ansiedade.
O coletivo de juízes liderado por Francisco Henriques analisou o pedido e decidiu continuar com o julgamento. Considera que o estado de saúde de Ricardo Salgado não é impeditivo de prestar declarações.
Quanto ao argumento de que o "arguido não tem capacidade para se autodefender", o despacho diz que nada disso "tem sustentação no atestado médico" apresentado pela defesa e que "a degradação das faculdades cognitivas são consequência natural da longevidade humana" e que, por isso, se Ricardo Salgado não prestar declarações "é o próprio arguido que autolimita as suas capacidades de defesa".
Os advogados de defesa insistem que deve ser feita uma perícia independente ao estado de saúde de Ricardo Salgado, que está a ser julgado por três crimes de abuso de confiança num processo separado da Operação Marquês.
Para esta sexta-feira está marcada a sessão onde vão ser ouvidas três testemunhas do processo.
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