Operação Miríade

Marcelo não sabia da investigação às suspeitas de tráfico por militares portugueses

O Presidente da República é também chefe supremo das Forças Armadas.

Marcelo não sabia da investigação às suspeitas de tráfico por militares portugueses
PEDRO SARMENTO COSTA

Marcelo Rebelo de Sousa não sabia da investigação às suspeitas de tráfico de diamantes por militares portugueses em operações das Nações Unidas.

Tanto o Estado-Maior-General das Forças Armadas, como o ministro da Defesa e a ONU foram informados no início da investigação.

O Presidente da República, que é também chefe supremo das Forças Armadas, ficou de fora. Não sabia sequer que existia qualquer suspeita. Na segunda-feira, em declarações à RTP, Marcelo disse que não foi informado sobre pormenores da investigação porque ela decorreu sob sigilo.

MARCELO DIZ QUE "EXCELÊNCIA" DAS FORÇAS ARMADAS NÃO ESTÁ EM CAUSA

O Presidente da República disse também na segunda-feira que a "excelência" das Forças Armadas não está em causa com as investigações ao alegado "tráfego de diamantes" e sublinhou que a abertura da investigação interna só as "prestigia".

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"Em boa hora as Forças Armadas, logo que tiveram conhecimento da denúncia, que foi no final de 2019, procederam à investigação imediatamente, envolvendo a Polícia Judiciária Militar, depois alargou-se à Polícia Judiciária, naturalmente, pelas implicações mais vastas do que o domínio nomeadamente das Forças Armadas", explicou Marcelo Rebelo de Sousa, questionado pela Lusa à margem de uma visita à Cidade Velha, em Cabo Verde.

Como era transportada a carga e camuflado o dinheiro

Militares portugueses destacados na República Centro-Africana são suspeitos de tráfico de diamantes, ouro e estupefacientes. Terão utilizado os meios aéreos das missões ao abrigo das Nações Unidas para fazer o transporte destes produtos. A carga alegadamente traficada circulava entre a República Centro-Africana e a Europa para ser vendida por valores milionários.

A carga saia daquele país em direção a Portugal em aviões militares e à responsabilidade dos comandos nacionais que aproveitariam a não fiscalização do material para montarem um negócio ilícito na Europa.

2. República Centro-Africana
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A partir de Portugal, os diamantes seriam transportados por via terrestre para cidades como Antuérpia e Bruxelas, na Bélgica, para depois serem vendidos por milhares de euros. Esse dinheiro era camuflado através da compra de bitcoins, uma moeda virtual, e contas bancárias disponibilizadas por intermediários.

Em troca, os envolvidos chegavam a receber metade do valor da venda dos diamantes.

Os suspeitos desta operação de tráfico internacional estão indiciados pelo crime de branqueamento de capitais.

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