Marcelo Rebelo de Sousa não sabia da investigação às suspeitas de tráfico de diamantes por militares portugueses em operações das Nações Unidas.
Tanto o Estado-Maior-General das Forças Armadas, como o ministro da Defesa e a ONU foram informados no início da investigação.
O Presidente da República, que é também chefe supremo das Forças Armadas, ficou de fora. Não sabia sequer que existia qualquer suspeita. Na segunda-feira, em declarações à RTP, Marcelo disse que não foi informado sobre pormenores da investigação porque ela decorreu sob sigilo.
MARCELO DIZ QUE "EXCELÊNCIA" DAS FORÇAS ARMADAS NÃO ESTÁ EM CAUSA
O Presidente da República disse também na segunda-feira que a "excelência" das Forças Armadas não está em causa com as investigações ao alegado "tráfego de diamantes" e sublinhou que a abertura da investigação interna só as "prestigia".

"Em boa hora as Forças Armadas, logo que tiveram conhecimento da denúncia, que foi no final de 2019, procederam à investigação imediatamente, envolvendo a Polícia Judiciária Militar, depois alargou-se à Polícia Judiciária, naturalmente, pelas implicações mais vastas do que o domínio nomeadamente das Forças Armadas", explicou Marcelo Rebelo de Sousa, questionado pela Lusa à margem de uma visita à Cidade Velha, em Cabo Verde.
Como era transportada a carga e camuflado o dinheiro
Militares portugueses destacados na República Centro-Africana são suspeitos de tráfico de diamantes, ouro e estupefacientes. Terão utilizado os meios aéreos das missões ao abrigo das Nações Unidas para fazer o transporte destes produtos. A carga alegadamente traficada circulava entre a República Centro-Africana e a Europa para ser vendida por valores milionários.
A carga saia daquele país em direção a Portugal em aviões militares e à responsabilidade dos comandos nacionais que aproveitariam a não fiscalização do material para montarem um negócio ilícito na Europa.

A partir de Portugal, os diamantes seriam transportados por via terrestre para cidades como Antuérpia e Bruxelas, na Bélgica, para depois serem vendidos por milhares de euros. Esse dinheiro era camuflado através da compra de bitcoins, uma moeda virtual, e contas bancárias disponibilizadas por intermediários.
Em troca, os envolvidos chegavam a receber metade do valor da venda dos diamantes.
Os suspeitos desta operação de tráfico internacional estão indiciados pelo crime de branqueamento de capitais.