Médicos, enfermeiros, técnicos de emergência e farmacêuticos anunciaram greves para outubro e novembro em resposta ao Orçamento do Estado para 2022, que consideram ficar aquém do necessário no setor da saúde.
O bastonário da Ordem dos Médicos aponta críticas à ministra da Saúde e ao ministro das Finanças, que acusa de promoverem “a escravatura dos médicos” com um Orçamento que considera desvalorizar carreiras, salários e a inovação.
“Temos um Orçamento que não apresenta verdadeiramente soluções para o que está a falhar na saúde. (…) É evidente que estamos num beco sem saída. Numa altura em que o Orçamento do Estado vem promover o trabalho extraordinário dos médicos, a Sra. ministra da Saúde e o Sr. ministro das Finanças estão a brincar com as pessoas, estão a promover a escravatura dos médicos”, afirma.
Questionado sobre a possibilidade de as greves virem a ser desconvocadas, Miguel Guimarães recusa a hipótese, dizendo que “é inevitável” que aconteçam e defendendo que os “sindicatos têm toda a razão”.
“Quando os sindicatos decidem fazer greve, estão a utilizar a medida mais drástica que existe de contestação. (…) Ou o Sr. primeiro-ministro vai mudar o Orçamento, ou é evidente que as greves vão ser inevitáveis. As pessoas já não acreditam no Governo”.
Miguel Guimarães afirma ainda que, nos últimos anos, 50% dos médicos não ficaram a trabalhar no Serviço Nacional de Saúde depois de serem especialistas, acrescentando que o SNS “funciona hoje como funcionava há 40 anos”.
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