O Bloco de Esquerda afirmou este sábado que irá repetir, na votação final global da próxima sexta-feira, o voto contra o Orçamento do Estado para 2023, tal como tinha feito na generalidade.
"Este é um orçamento que aumenta o empobrecimento e as desigualdades em Portugal (...) Este foi o orçamento que o PS quis fazer com todos os dados em cima da mesa e em que quem vive do seu trabalho vai perder poder de compra no próximo ano, e não há qualquer mecanismo de controlo de preços", justificou a coordenadora do BE, Catarina Martins, na conferência de imprensa após a Mesa Nacional do partido.
A resolução da Mesa Nacional, órgão máximo do partido entre convenções, foi aprovada por unanimidade.
Catarina Martins defendeu que, neste Orçamento, o Governo já não pode dizer que foi surpreendido pela conjuntura internacional, considerando que "não há novidades na guerra ou no ciclo da inflação".
"O PS continua a achar que os salários são o que determina a inflação, não é verdade, até porque têm vindo a perder. O que tem vindo a determinar o aumento da inflação é o aumento dos lucros", considerou, com o BE a defender como alternativa "o aumento de salários e das pensões" e uma maior responsabilização das empresas.
A coordenadora do BE acrescentou que o Governo deu "um passo cujo alcance ainda fica por perceber" ao apresentar uma taxa extraordinária e temporária de 33% sobre os setores da energia e da distribuição alimentar, mas apenas "a reboque" do que foi determinado pela União Europeia e "nos mínimos" do que as instituições comunitárias permitiam.
"O Governo começou por negar a existência de lucros excessivos, a União Europeia decidiu uma taxação mínima e, agora, já fora do âmbito do Orçamento do Estado, aparece uma proposta sobre essa matéria", afirmou, dizendo que o partido ainda vai "estudar com cuidado" os diplomas que deram entrada no parlamento na sexta-feira à noite.