Sismo na Turquia e Síria

Amnistia internacional apela à mobilização imediata de ajuda para a Síria

A organização não-governamental recorda que cerca de quatro milhões de pessoas já viviam no noroeste da Síria “em condições de miséria”, situação que se agravou com a tragédia provocada pelo forte sismo da madrugada desta segunda-feira.

Equipas de resgate em ação depois do forte terramoto que atingiu o sudeste da Turquia e a Síria.
Equipas de resgate em ação depois do forte terramoto que atingiu o sudeste da Turquia e a Síria.
Khalil Hamra

A Amnistia Internacional apelou, esta terça-feira, à mobilização da comunidade internacional para apoiar os esforços de salvamento e reconstrução sobretudo no norte da Síria, atingido na segunda-feira por um sismo, igualmente sentido na Turquia, depois de vários anos de conflito.

Em comunicado hoje divulgado, a organização não-governamental (ONG) de direitos humanos lembra que "quatro milhões de pessoas (residentes e deslocados internos) do noroeste da Síria já viviam em condições de miséria" e com pouco acesso a cuidados de saúde.

"Na manhã de ontem [segunda-feira] assistimos a edifícios inteiros a desmoronarem-se em bairros devastados por mais de uma década de guerra", lamentou a Amnistia Internacional.

"A imensa destruição, associada a uma crise económica aguda e a um inverno rigoroso, está também a dificultar a prestação de ajuda humanitária", sublinhou a organização, pedindo ao Governo sírio que permita que a ajuda alcance todas as áreas afetadas pelo terramoto.

"Todas as partes, em particular o Governo sírio e as forças russas, devem cessar de imediato os ataques a civis e a infraestruturas civis, bem como os ataques indiscriminados na região", apelou.

O Governo sírio impõe, desde agosto de 2022, um bloqueio a civis em áreas predominantemente curdas da região norte de Alepo, impedindo o acesso a combustível e outros bens essenciais.

Em julho de 2022, a Amnistia Internacional publicou um relatório, no qual detalhou como milhões de deslocados no noroeste da Síria se encontram a viver em campos com condições deploráveis.

“Sobrevivência depende inteiramente da ajuda internacional”

"A Amnistia Internacional expressa as mais profundas condolências às famílias que perderam entes queridos nesta onda de sismos. Centenas de milhares de pessoas na Turquia e Síria foram afetadas, embora quem se encontrasse em áreas já devastadas por anos de conflito enfrente desafios adicionais", afirmou a diretora adjunta da Amnistia Internacional para o Médio Oriente e norte de África, Aya Majzoub, citada no comunicado.

O balanço provisório dos sismos na Turquia e na Síria ultrapassa já os cinco mil mortos, estando ainda a decorrer operações de resgate nos escombros dos edifícios destruídos nos dois países.

As equipas de socorro mantêm-se nos locais afetados, com os trabalhos dificultados pelas baixas temperaturas que se registam na região.

Segundo uma estimativa hoje avançada pela Organização Mundial da Saúde, o número de pessoas afetadas pelos terramotos que atingiram o sudeste da Turquia e o norte da Síria pode chegar aos 23 milhões.

A União Europeia já mobilizou 25 equipas de busca e salvamento, envolvendo perto de 1.200 socorristas oriundos de 21 países, incluindo Portugal, para ajudar as autoridades turcas nas operações de resgate.