Carlos Pereira entrou na política há 18 anos. Tem um percurso considerado discreto e com falhanços. Tornou-se mais conhecido há 10 dias, na comissão de inquérito à TAP, onde coordenava os deputados do PS. Era acusado de ter preparado a presidente da TAP para ir ao Parlamento responder a perguntas dos deputados e dele próprio.
De um segundo para o outro. Foi assim que Carlos Pereira saiu do anonimato.
"Reconheço na mesa uma pessoa que esteve presente na reunião", disse Christine Ourmières-Widener, no dia 4 de abril.
O país ficou a conhecer o nome e o rosto do principal deputado socialista na comissão de inquérito à TAP.
A CEO revelou que, na véspera de ir pela primeira vez ao Parlamento, em janeiro, tinha estado reunida com deputados do PS e assessores do Governo.
Carlos Pereira não viu qualquer problema:
"São reuniões que se fazem, preparatórias, outras de partilha de informação que servem para que o escrutínio seja firme, sério e responsável".
Por falar em responsabilidade: quem convocou a reunião?
Primeira versão: o Ministério das Infraestruturas.
Segunda versão, menos de um minuto depois: afinal, a reunião foi convocada pelos assuntos parlamentares.
Apesar das contradições, apesar de toda a polémica, Carlos Pereira não viu razões para sair. De um segundo para o outro, o economista madeirense não iria deitar fora 18 anos de carreira.
Em 2005, começou por ser candidato independente à Câmara do Funchal. Perdeu para o PSD, filiou-se no PS, o que, 10 anos depois, lhe permitiu ser eleito deputado pela Madeira e liderar por três anos o PS na região.
Mas, em 2018, há um projeto falhado: Pereira era a proposta dos socialistas, mas não conseguiu ser nomeado para a ERSE, a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos.
Um ano antes, em 2017, na comissão parlamentar de inquérito à Caixa Geral de Depósitos (CGD), foi ele quem redigiu um suposto relatório final. Mas a polémica foi tanta, que as conclusões de Pereira acabaram por ser chumbadas. Incluindo por dois deputados do Partido Socialista. E acabou por ser a caixa que agora o pôs de saída da comissão de inquérito à TAP.