A vacinação em Portugal e no Mundo

Portugal vai retomar vacinação com fármaco da AstraZeneca

A partir de segunda-feira.

Portugal vai retomar vacinação com fármaco da AstraZeneca
RODRIGO ANTUNES

As autoridades de saúde portuguesas decidiram esta quinta-feira retomar, na segunda-feira a administração de vacinas da AstraZeneca contra a covid-19, três dias depois do anúncio de uma suspensão temporária devido a relatos em vários países de casos de coágulos sanguíneos em pessoas vacinadas.

A decisão foi anunciada pela Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed), pela Direção-Geral da Saúde (DGS) e pela task force que coordena o programa de vacinação.

"O plano de vacinação sofreu uma pausa no que concerne à vacina da AstraZeneca e vai ser posto em marcha outra vez a partir de segunda-feira. Vamos retomar o plano, acelerando-o", afirmou o coordenador da 'task force' para a vacinação contra a covid-19, vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, numa conferência de imprensa em que esteve também presente o presidente do Infarmed, Rui Ivo, e a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas.

Os professores, cuja vacinação estava prevista para o próximo fim de semana, serão vacinados no fim de semana de 27 e 28 de março.

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O presidente do Infarmed realçou as indicações do Comité de Avaliação do Risco em Farmacovigilância da EMA e assegurou que as mesmas vão ser expressas a partir de sexta-feira na informação para profissionais de saúde e cidadãos.

"Essas conclusões são muito claras, ao confirmarem que os benefícios da vacina da AstraZeneca são muito superiores a quaisquer riscos que foram identificados. Os termos em que a avaliação foi feita e que permitiram que a vacina seja utilizada irão agora ser plasmados nos documentos que são aprovados pela EMA", referiu Rui Ivo, assegurando que as entidades portuguesas têm estado "em articulação com as congéneres europeias".

RODRIGO ANTUNES

Suspensão da vacina da AstraZeneca foi decisão de saúde pública

A diretora-geral da Saúde afirmou que a utilização da vacina da AstraZeneca foi suspensa por uma decisão de saúde pública.

"Foi uma decisão de saúde pública. Há uma coisa que se chama o princípio da precaução em saúde pública. Na dúvida, fez-se uma pausa", assegurou Graça Freitas.

Segundo a diretora-geral da Saúde, esta pausa da utilização da vacina da AstraZeneca é "facilmente recuperável e não vai impactar significativamente no esforço de vacinação".

"Foi uma decisão tomada por dois organismos técnicos: a DGS e o Infarmed, por princípio da precaução em saúde pública", reiterou.

RODRIGO ANTUNES

Vacina da Astrazeneca é "eficaz e segura", garante Agência Europeia do Medicamento

A Agência Europeia do Medicamento (EMA) assegurou esta quinta-feira que a vacina da AstraZeneca contra a covid-19 "é segura e eficaz", não estando também associada aos casos de coágulos sanguíneos detetados, que levaram à suspensão do seu uso.

"O Comité de Avaliação dos Riscos em Farmacovigilância chegou a uma clara conclusão na investigação dos casos de coágulos sanguíneos: esta é uma vacina segura e eficaz", declarou a diretora executiva EMA, Emer Cooke, falando em conferência de imprensa.

Depois de uma investigação nos últimos dias dos especialistas do regulador europeu, Emer Cooke garantiu que a administração da vacina da AstraZeneca "não está associada a um aumento do risco de eventos tromboembólicos responsáveis pelos coágulos sanguíneos" nalguns dos vacinados com este fármaco.

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A posição surge depois de nos últimos dias vários países europeus, incluindo Portugal, terem decidido por precaução suspender a administração da vacina da AstraZeneca após relatos de aparecimento de coágulos sanguíneos e da morte de pessoas inoculadas com este fármaco.

Emer Cooke sublinhou que estes foram episódios "raros mas bastante graves" de um total de mais de sete milhões de pessoas vacinadas na União Europeia com o fármaco da AstraZeneca e de 11 milhões no Reino Unido.

"As pessoas podem confiar na vacina", assegurou Emer Cooke, reforçando que estes não são casos "inesperados [...] porque se está a vacinar milhões e milhões de pessoas".

Ainda assim, a responsável admitiu que, "com base nas provas recolhidas, e após dias de investigação aprofundada a resultados laborais e a relatórios clínicos e de autópsia, [...] ainda não é possível descartar totalmente uma ligação entre este tipo de casos e a vacina", dado também este ser um processo de vacinação a grande escala.

"O que o comité fez foi aumentar a consciencialização sobre este tipo de riscos, garantindo que eles passam a constar da informação relativa ao fármaco e chamando a atenção para estes possíveis efeitos secundários", acrescentou, anunciando novas investigações para "conhecer mais sobre estes casos raros".

O objetivo é que, a partir de agora, seja mais fácil para os profissionais de saúde "detetar e mitigar eventuais efeitos secundários", adiantou Emer Cooke.

"Se fosse por mim, seria vacinada [com o fármaco da AstraZeneca] já amanhã, mas também é importante estar consciente dos efeitos secundários e é isso que estamos a divulgar", disse ainda a responsável pelo regulador europeu.

Atualmente, há quatro vacinas contra a covid-19 aprovadas pela Agência Europeia do Medicamento (EMA): BioNTech-Pfizer, Moderna, AstraZeneca e Janssen (grupo Johnson & Johnson), sendo que esta última só estará no mercado no segundo trimestre de 2021.

Vários países europeus retomam administração da vacina da AstraZeneca

Os países estão a reagir à decisão do regulador europeu. Itália, Espanha, França, Letónia e Lituânia vão retomar a vacinação com o fármaco da Astrazeneca já esta sexta-feira.

O Governo espanhol convocou uma reunião de emergência com a equipa de resposta à covid-19, para avaliar se levanta a suspensão da vacina.

Já a Suécia diz que precisa de alguns dias para decidir sobre a suspensão. Dará novidades na próxima semana.

A Bélgica, que continuou a administrar a vacina, diz que a decisão do regulador europeu é lógica.