Cabo Verde já ultrapassou a meta imposta pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de vacinar até ao final do ano 40% da população contra a covid-19. Está no grupo dos cinco países africanos que o conseguiu. Na ponta oposta está a Guiné-Bissau: vacinou apenas 1% da população e há países em África em que ninguém foi vacinado. Numa entrevista exclusiva à SIC, a diretora-geral adjunta da OMS diz que a situação é antiética e imoral.
Em Cabo Verde, já foram vacinadas 45% das pessoas elegíveis para a vacina, um feito a que se juntam apenas mais quatro países africanos. Os outros 88 estão longe de o conseguir, deitando por terra o objetivo da Organização Mundial da Saúde que queria que no final deste ano todos os países tivessem 40% da população vacinada.
"Existe uma iniquidade gigantesca. Tem 68% destas vacinas que foram utilizadas apenas em 10 países", diz Mariângela Simão, diretora-geral adjunta da OMS.
Há países africanos onde nem sequer uma vacina foi dada, como o Borundi, e outros onde apenas 1% da população está imunizada. É o caso, por exemplo, da Guiné Bissau, do Chade ou da República Centro-Africana.
Em contraponto, os países mais ricos estão já a dar a terceira dose às populações. Na última semana de novembro, foram dadas oito vezes mais doses de reforço do que primeiras doses.
"É como se estivesse a dar um segundo salva-vidas a quem já o tem, enquanto deixa uma porção de pessoas desprotegidas. É antiético, é imoral", afirma a responsável.
A Organização Mundial da Saúde, através da COVAX o organismo criado para fazer chegar vacinas aos países mais pobres, já manifestou desagrado por causa dos prazos das vacinas que estão a ser distribuídas em África. Em alguns países houve milhares de doses que tiveram de ser destruídas.
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