O autarca de Mocímboa de Praia disse esta sexta-feira que a reconstrução da vila, que foi ocupada por rebeldes por mais de um ano, está numa boa fase, prevendo para breve um regresso da população deslocada.
"Mocímboa da Praia está de pé e temos fé que em pouco tempo as populações comecem a regressar", declarou Cheia Carlos Momba à Lusa, à margem da 2.ª Conferência Crescendo Azul, dedicada aos oceanos, que decorre em Vilanculos, sul de Moçambique.
No total, cerca de 62.000 pessoas, quase a totalidade da população, abandonaram a vila costeira devido ao conflito nos últimos quatro anos, com destaque para as fugas em massa que ocorreram após a intensificação das ações rebeldes em junho de 2020.
Após mais de um ano nas "mãos" de rebeldes, Mocímboa da Praia, uma das poucas zonas urbanas da província de Cabo Delgado, foi saqueada e quase todas as infraestruturas públicas e privadas foram destruídas, bem como os sistemas de energia, água, comunicações e hospitais.
A ofensiva das tropas governamentais ganhou vigor em julho deste ano, com o apoio de forças de Ruanda e, posteriormente, da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), permitindo aumentar a segurança e recuperar várias zonas.
"Os sistemas de água e a energia já foram restabelecidos. Mas algumas infraestruturas ainda estão destruídas. O Governo está a envidar esforços para colocá-las em pé. Queremos garantir que a população regresse e encontre condições", declarou Cheia Carlos Momba, que voltou a viver em Mocímboa, depois de quase um ano dirigindo os destinos da vila a partir de Pemba (capital provincial), que fica a mais de 340 quilómetros para sul.
A vila costeira foi aquela em que grupos armados protagonizaram o seu primeiro ataque em outubro de 2017, tendo sido, por muito tempo, descrita como a "base" dos rebeldes.
Mocímboa da Praia está situada 70 quilómetros a sul da área de construção do projeto de exploração de gás natural, em Afungi, Palma, conduzido por várias petrolíferas internacionais e liderado pela Total.
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