Os protestos no centro de Maputo começaram pouco antes do arranque da cerimónia de investidura de Daniel Chapo. Para conter e dispersar a multidão, a polícia efetuou vários disparos.
“Eles usam a polícia. Em vez de proteger estão a matar. Milhares de Moçambicanos já morreram”, diz uma dos manifestantes.
Manifestantes pró-Mondlane incendiaram pneus, lançaram pedras e garrafas contra as autoridades e gritaram palavras de ordem.
“Nós vamos continuar a marchar até à reposição da verdade eleitoral. Nós sabemos em quem votámos. O povo votou em quem? no Venâncio Mondlane. Todos nós votámos no Venâncio Mondlane por isso queremos que ele seja o nosso presidente”, explica outro manifestante,
O forte aparato de segurança impediu a passagem dos manifestantes para a Praça da Independência onde decorria a tomada de posse de Daniel Chapo. Aos 48 anos é o 5º presidente de Moçambique e o primeiro nascido já depois da independência que promete uma nova era para o país.
“Hoje iniciámos juntos uma nova era para Moçambique. Este não é apenas o início de um mandato, mas de uma jornada que nos desafia a construir um futuro que sonhámos”, diz Daniel Chapo.
Daniel Chapo, da Frelimo, sucede a Filipe Nyusi, que esteve 10 anos no poder, depois de meses de tensão e confrontos violentos que fizeram 300 mortos e mais de 600 feridos desde que foram anunciados os resultados das eleições, com a oposição a reclamar a vitória de Mondlane e a falar de fraude eleitoral.
Daniel Chapo reconhece os desafios, mas garante que está empenhado no diálogo.
“O nosso diálogo com as forças políticas será sempre franco, honesto e sincero. A estabilidade social e política é a nossa prioridade das prioridades”, acrescentou o Presidente de Moçambique.
Cerca de dois mil e 500 convidados estiveram na tomada de posse de Daniel Chapo, marcada por uma fraca representação diplomática: apenas dois chefes de Estado assistiram, os Presidentes da África do Sul e da Guiné-Bissau, alguns vice -presidentes e ministros.
O Governo português fez-se representar por Paulo Rangel. O ministro dos Negócios Estrangeiros foi acusado por Venâncio Mondlane de parcialidade e de manipular a opinião pública ao dizer que tem acompanhado o processo pós-eleitoral.