"Enviar um ativista político para um asilo é mais sádico e cruel que o matar! É um destino pior que a morte", afirma Breivik numa carta de 38 páginas, da qual o jornal Verdens Gang (VG) publicou alguns extratos.
A carta pretende desmontar ponto por ponto o relatório de dois psiquiatras mandatados pela justiça norueguesa, que concluíram no ano passado que o extremista atualmente com 33 anos era psicótico, sofrendo de "esquizofrenia paranoica", e que portanto era penalmente inimputável.
Se os juízes de Oslo chegarem à mesma conclusão na sequência do julgamento, que terá início a 16 de abril, Breivik será condenado a um tratamento psiquiátrico num estabelecimento fechado, provavelmente para sempre.
No entanto, o acusado pretende, segundo os advogados, declarar-se são de espírito, não invalidando o manifesto ideológico que difundiu no dia dos ataques, os quais devem precisamente servir para atrair a atenção para o documento repleto de tiradas contra o Islão e hostis ao multiculturalismo.
"Devo honestamente reconhecer que é o pior que me podia acontecer na medida em que é uma humilhação", adianta Breivik na carta.
Segundo o jornal VG, o extremista afirma que detetou mais de 200 erros no relatório dos dois psiquiatras desde pormenores linguísticos a declarações completamente inventadas, segundo o próprio.
Invertendo os papéis, Breivik põe a hipótese na carta de que os dois psiquiatras que o examinaram possam ter ficado de tal forma traumatizados com os ataques que não tenham conseguido "ser objetivos".
Os psiquiatras "tinham a intenção clara de reunir as condições que justificassem o diagnóstico ao qual chegaram muito rapidamente", afirma na carta.
A 22 de julho, disfarçado de polícia, Behring Breivik abriu fogo durante mais de uma hora contra jovens trabalhistas reunidos na ilha de Utoya, perto de Oslo, depois de ter provocado a explosão de uma bomba perto da sede do Governo norueguês.
"Eu sabia evidentemente fazer a diferença entre o bem e o mal, mas agi instintivamente", adiantou o extremista que se descreve como sendo "uma pessoa extremamente pragmática".
Nos dois ataques morreram 77 pessoas, maioritariamente adolescentes.