Tanto a imprensa como muitos damascenos receberam a notícia como a melhor garantia de que pelo menos por agora um eventual ataque do ocidente à Síria está mais longe.
"Não há dúvida de que foram usadas armas químicas, mas penso que o exército não esteve de maneira alguma envolvido. Os militares estavam a fazer grandes avanços na periferia. Foram os opositores que as usaram para provocar a intervenção internacional, na sequência das suas derrotas", disse o advogado Sami Husein, 46 anos.
O advogado questionou aidna por que razão "países estrangeiros estão interessados em aliar-se a grupos radicais islâmicos".
"O acordo é uma grande vitória para o presidente 1/8sírio 3/8, Bashar Al-Assad, e os seus aliados russos, porque não dão muito em troca para evitar um cenário de guerra. Jogaram bem com a maior fraqueza 1/8do presidente dos EUA, Barack Obama 3/8 que é a de encontrar uma saída, qualquer que seja, para uma ação militar", insiste Hussein.
No entanto, a luta continua na Síria, pois a guerra tornou-se para muitos parte da rotina diária e alguns até conseguiram acomodar as suas vidas à situação. Contudo, há relatos de que agora já se "respira" um pouco melhor nas ruas de Damasco.
"Eu vou comer comida síria ao bairro tradicional de Damasco e todos os sírios conseguem agora respirar um pouco mais calmos", conta o jovem Suad Ashi.
As autoridades sírias estão até ao momento em silêncio sobre a razão que as levou a aceitar a destruição do arsenal químico, embora a imprensa oficial tenha elogiado o papel mediador da Rússia no afastamento do fantasma da guerra.
Para o diário "Al Thawra", próximo do regime, "Moscovo trabalhou incansavelmente para chegar a um acordo com os norte-americanos, porque uma solução política é a única forma de acabar com a crise na Síria e evitar as consequências da guerra e as desastrosas repercussões na região".
Na mesma linha, o jornal pró-regime "Tishrin" também elogiou o papel do Governo sírio, "cuja resposta transparente como cristal aniquilou a principal frente no projeto conspirativo para destruir as infra-estrututras e a sociedade Síria".
Apesar das saudações do regime e da imprensa oficial ao acordo alcançado, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, avisou hoje que a ameaça de uma ação militar dos EUA na Síria permanece "real".
"A ameaça da ação militar continua, a ameaça é real", disse Kerry, durante uma conferência de imprensa conjunta com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, em Jerusalém.
O secretário de Estado falava após quatro horas de discussões com Netanyahu em que abordaram o acordo entre os EUA e a Rússia, assim como as negociações de paz entre israelitas e palestinianos.
"Não se enganem, não eliminámos nenhuma opção", alertou Kerry, acrescentando que as armas de destruição em massa foram utilizadas por um Estado contra o seu povo e que isso "é um crime contra a humanidade, o que não pode ser tolerado".
Por sua vez, Netanyahu afirmou que o desmatelamento do arsenal químico tornará a região "muito mais segura".
"O mundo deve garantir que os regimes extremistas não possuam armas de destruição em massa, porque se as tiverem, irão usá-las, como se verificou na Síria", disse o primeiro-ministro israelita.
"Para que a diplomacia tenha alguma hipótese de ter sucesso, deve ser acompanhada de uma ameaça militar crível", acrescentou Netanyahu.
Lusa