A deliberação do tribunal de Murmansk, noroeste da Rússia, abrange o capitão do navio da Greenpeace, o americano Peter Willcox, bem como o polaco Tomasz Dziemianczuk, os neozelandeses David John Haussmann e Jon Beauchamp, o canadiano Paul Douglas Ruzycki e o francês Francesco Pisanu.
Peter Willcox foi o capitão do emblemático "Rainbow Warrior", o navio da organização ecologista que foi afundado pelos serviços secretos franceses em 1985.
Hoje de manhã, a organização ecologista e a agência noticiosa russa Interfax tinham confirmado a detenção preventiva, também por um período de dois meses, do fotógrafo russo Denis Siniakov, um colaborador regular da Greenpeace, e de um porta-voz do movimento, o russo Roman Dolgov.
Por sua vez, a instância judicial decidiu prolongar em apenas 72 horas a prisão preventiva de um porta-voz da Greenpeace International, o sueco Dmitri Litvinov, filho de um famoso dissidente e prisioneiro político da época da União Soviética (Pavel Litvinov) e neto de um antigo ministro dos Negócios Estrangeiros do regime do líder histórico soviético Josef Estaline.
De acordo com a Interfax, o juiz justificou esta decisão com o facto de Dmitri Litvinov ser pai de uma criança menor de idade.
No âmbito de uma campanha contra a exploração petrolífera no Ártico, iniciada pela Rússia e parceiros ocidentais, ativistas da Greenpeace tentaram, há uma semana, escalar uma plataforma do gigante russo do gás Gazprom no Mar de Barents.
Os militantes foram impedidos pelos guardas costeiros russos, que dispararam tiros de aviso com armas automáticas, de acordo com a organização não-governamental ecologista.
O navio da Greenpeace "Artic Sunrise", com pavilhão holandês, acabou por ser apresado por comandos da guarda costeira russa e rebocado até Murmansk, onde os 30 membros da tripulação internacional foram colocados em detenção, acusados de pirataria, um crime passível de uma pena de 15 anos de prisão.
Os ativistas são originários de um total de 18 países, como Estados Unidos, França, Suíça, Finlândia, Reino Unido, Polónia ou Rússia.
Todos os ativistas rejeitaram as acusações de "pirataria", afirmando que a ação de protesto na plataforma da Gazprom foi pacífica.
Hoje de manhã, a comissão de inquérito russa tinha advertido que iria solicitar que os 30 membros da tripulação do "Arctic Sunrise" fossem mantidos em prisão preventiva até à conclusão da investigação, justificando a medida com o risco de fuga.
Este caso, que implica vários cidadãos estrangeiros, poderá transformar-se num caso diplomático.
Com base no direito marítimo, a Holanda já solicitou a libertação da tripulação do navio.
Por seu lado, Kumi Naidoo, diretor da Greenpeace International, já qualificou estas decisões judiciais como "intimidação".
"As autoridades russas estão a tentar assustar as pessoas que se opõem à indústria petrolífera no Ártico, mas esta tentativa de intimidação flagrante não terá sucesso", referiu o responsável, num comunicado.
Lusa