Mundo

Autoridades norte-americanas vigiaram telefones de 35 líderes  mundiais, segundo o diário britânico The Guardian 

Os espiões dos EUA escutaram os telefonemas  de 35 líderes mundiais, depois de a Casa Branca, o Pentágono e o Departamento  de Estado lhes terem dado os respetivos números, informou hoje o diário  britânico The Guardian. 

© Joshua Lott / Reuters

Um documento classificado, fornecido pelo ex-subcontratado da Agência  de Segurança Nacional (NSA, na sigla em Inglês) Edward Snowden, indica que  a NSA trabalhou de perto com os departamentos "clientes" do Governo norte-americano  para garantir a segurança das ligações telefónicas com políticos estrangeiros  de relevo.  

Um dirigente norte-americano, não identificado, entregou mais de 200  números, incluindo os de líderes mundiais que foram imediatamente "trabalhados"  para serem vigiados pela NSA. 

As últimas revelações acontecem no meio de um furor causado pelas alegações  de que os EUA teriam escutado o telemóvel da chanceler alemã Angela Merkel  e depois de revelações de que a NSA teria controlado as comunicações dos  líderes brasileiro e mexicano. 

A Casa Branca recusou dizer se tinha escutado Merkel, depois de uma  onda de polémica na Alemanha. O documento da NSA, citado pelo The Guardian, indica que esta vigilância  não era isolada e que a agência vigiava por rotina os telefones dos líderes  mundiais.   

Este documento, de 2006, circulou entre os membros da Direção Sinais  de Informação (SID, na sigla em Inglês), sob o título "Clientes Podem Ajudar  SID a Obter Números de Telefone Desejáveis", realçando como os agentes podiam  extrair informação obtida por agentes de outros ramos do Governo. "Num caso recente", particularizava o documento, "um dirigente deu à  NSA 200 números de telefone de 35 líderes mundiais".  

Porém, a NSA adiantava que a espionagem telefónica tinha dado "pouca  informação". Entretanto, a ex-secretária de Estado Madeleine Albright afirmou hoje  que a França tinha-a espiado, quando ela representava os EUA na Organização  das Nações Unidas, minimizando as críticas dos europeus por causa das escutas  feitas por Washington."Não é surpresa para ninguém -- os países espiam-se uns aos outros",  declarou Albright, no Centro para o Progresso Americano, um clube de reflexão  na capital norte-americana.  

"Grande parte da política internacional é bisbilhotice, e saber o que  alguém disse de outro é útil no longo prazo para procurar determinar como  agir perante este ou aquele país", continuou.  

"Glorificar Snowden é um erro. O que ele fez causou-nos muito, muito  mal", concluiu.  

     

Lusa