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Presidente venezuelano pode aprovar leis durante um ano sem consultar congresso

O Presidente da Venezuela tem a partir de agora poderes reforçados. A assembleia nacional concedeu a Nicolás Maduro poderes de decreto de emergência, que lhe permitem aprovar leis, durante um ano, sem as submeter ao congresso.

Nicolás Maduro tem vindo a vincar pretender lutar contra as margens  de lucro dos retalhistas que considera exageradas e quer baixar os preços  dos bens de consumo. (Reuters/Arquivo)
© Carlos Garcia Rawlins / Reuters

Um dos objetivos é intervir com mais eficácia junto dos comerciantes que, segundo Maduro, cobram preços inflacionados para sabotar a economia do país. Este procedimento já tinha sido utilizado quatro vezes pelo antigo presidente Hugo Chávez, para promulgar dezenas de leis que aumentaram o poder do Estado na economia venezuelana.

Segundo o texto da proposta, a que a agência Lusa teve acesso, o Presidente Nicolás Maduro passa a estar facultado para, no âmbito da luta contra a  corrupção, "ditar e/ou reformar normas e instrumentos" para "garantir e  proteger os interesses do Estado nos seus diferentes níveis de governo".

Também para "aprofundar e fortalecer os mecanismos de sanção penal,  administrativa, civil e disciplinar, para evitar lesões ou manejo inadequado  do património público, prevenir fatos de corrupção e ditar normas contra  a legitimação de capitais". 

Por outro lado, Maduro está ainda facultado para "estabelecer mecanismos  estratégicos de luta contra as potências estrangeiras que pretendam destruir  a pátria, no âmbito económico, político e mediático", "combater o financiamento  ilegal dos partidos políticos" e "criar normas que evitem e sancionem a  fuga de divisas". 

O documento sublinha ainda que Nicolás Maduro poderá "emitir disposições  em defesa da moeda nacional" e "fortalecer o sistema financeiro nacional".

Em matéria de defesa da economia, o chefe de Estado poderá ditar ou  reformar leis que "consolidem os princípios de justiça social, eficiência,  equidade, produtividade, solidariedade, a fim de assegurar o desenvolvimento  humano integral, uma existência digna e proveitosa para o povo venezuelano  e conseguir, desse modo, a maior soma de felicidade e de bem viver". 

Também de planificação, articulação, organização e coordenação de procedimentos,  "especialmente em matéria de produção, importação, distribuição e comercialização  de alimentos, matéria prima e artigos de primeira necessidade" garantindo  "a segurança e soberania alimentar", lê-se no documento a que a Lusa teve  acesso.  

Por outro lado, dá-lhe igualmente poderes para planificar, racionalizar  e regular a economia, "como meio para impulsionar a transformação do sistema  económico e defender a estabilidade económica para evitar a vulnerabilidade  da economia". 

Nicolás Maduro deve ainda "zelar pela estabilidade monetária, de preços  e do desenvolvimento harmonioso da economia nacional, com o fim de gerar  fontes de trabalho, alto valor agregado nacional e elevar o nível de vida  do povo, fortalecer a soberania económica, garantir a segurança jurídica,  a sustentabilidade e equidade do crescimento económico, para conseguir uma  justa distribuição da riqueza". 

A Lei Habilitante dá poderes ao chefe de Estado para "fortalecer a luta  contra o açambarcamento e a especulação" e para "garantir o direito do povo  a ter bens e serviços e seguros, de qualidade e a preços justos". 

Os poderes especiais para o Presidente venezuelano terão uma "duração  de 12 meses" e entram em vigor logo que a lei seja publicada na Gazeta Oficial  (o equivalente ao Diário da República português). 

 

Lusa