"O Governo escolheu o porto de Gioia Tauro como particularmente apropriado", disse Lupi aos deputados durante uma sessão parlamentar sobre a operação, que deverá ocorrer no início de fevereiro.
A operação consiste no transbordo de cerca de 500 toneladas de químicos de um navio dinamarquês para outro norte-americano, como parte de um plano de destruição do arsenal químico do regime de Bashar al-Assad.
O anúncio surge dois dias depois de o Governo português, em comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros, informar ter sido contactado pelos EUA sobre a possibilidade de o transbordo de material químico sírio ocorrer num porto nos Açores.
Em explicações recentes à Lusa, o porta-voz da Organização para a Proibição das Armas Químicas, a agência da ONU envolvida neste processo, explicou que, embora se trate de um programa de eliminação de armas químicas, não há qualquer arma a sair da Síria, são apenas químicos.
O material está a ser retirado de armazéns no território sírio em contentores que cumprem os requisitos de segurança para o transporte marítimo e levado para o porto sírio de Latakia, no Mediterrâneo, de onde serão transportados, a bordo de um navio dinamarquês, e eventualmente outro norueguês, para o navio norte-americano MV Cape Ray, onde foram instalados sistemas portáteis de hidrólise para neutralizar os químicos sírios.
O transbordo dos químicos para o MV Cape Ray, sabe-se agora, deverá ocorrer no porto de Gioia Tauro.
O primeiro carregamento está desde dia 7 a bordo do navio dinamarquês, que ficou ao largo da Síria guardado por uma pequena frota internacional até que o próximo carregamento chegue a Latakia. Só quando a capacidade do navio estiver esgotada é que este se deslocará para o porto calabrês.
Hoje, Maurizio Lupi explicou que a escolha do porto calabrês, entre outros portos italianos, visa, entre outros motivos, evitar que a operação decorra muito longe do centro do Mediterrâneo.
O ministro estimou que cerca de 60 contentores carregados de químicos, incluindo gás mostarda e os ingredientes necessários para produzir gás sarin e VX, serão transferidos de um barco para o outro, utilizando gruas.
"Não haverá armazenamento em terra", esclareceu.
No entanto, a decisão motiva críticas no país, nomeadamente do presidente da câmara de Gioia Tauro, Renato Bellofiore, que mesmo antes do anúncio formal considerara a decisão antidemocrática.
"Isto é muito sério. Estão a pôr a minha vida em risco. Se alguma coisa acontece, as pessoas vêm buscar-me com forquilhas", disse o autarca.
O presidente da Câmara da cidade vizinha de San Ferdinando, onde a maior parte do porto se situa de facto, disse estar a considerar um decreto municipal para encerrar a zona e evitar o transbordo.
Lusa