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Porto italiano de Gioia Tauro escolhido para transbordo de armas químicas sírias

O porto italiano de Gioia Tauro, na região da Calábria, foi o escolhido para a operação de transbordo de químicos do arsenal sírio, informou hoje o ministro dos Transportes de Itália, Maurizio Lupi.

Vista aérea do porto italiano de Gioia Tauro (Reuters/ Arquivo)
© Alessandro Bianchi / Reuters

"O Governo escolheu o porto de Gioia Tauro como particularmente apropriado",  disse Lupi aos deputados durante uma sessão parlamentar sobre a operação,  que deverá ocorrer no início de fevereiro. 

A operação consiste no transbordo de cerca de 500 toneladas de químicos  de um navio dinamarquês para outro norte-americano, como parte de um plano  de destruição do arsenal químico do regime de Bashar al-Assad. 

O anúncio surge dois dias depois de o Governo português, em comunicado  do Ministério dos Negócios Estrangeiros, informar ter sido contactado pelos  EUA sobre a possibilidade de o transbordo de material químico sírio ocorrer  num porto nos Açores. 

Em explicações recentes à Lusa, o porta-voz da Organização para a Proibição  das Armas Químicas, a agência da ONU envolvida neste processo, explicou  que, embora se trate de um programa de eliminação de armas químicas, não  há qualquer arma a sair da Síria, são apenas químicos. 

O material está a ser retirado de armazéns no território sírio em contentores  que cumprem os requisitos de segurança para o transporte marítimo e levado  para o porto sírio de Latakia, no Mediterrâneo, de onde serão transportados,  a bordo de um navio dinamarquês, e eventualmente outro norueguês, para o  navio norte-americano MV Cape Ray, onde foram instalados sistemas portáteis  de hidrólise para neutralizar os químicos sírios. 

O transbordo dos químicos para o MV Cape Ray, sabe-se agora, deverá  ocorrer no porto de Gioia Tauro. 

O primeiro carregamento está desde dia 7 a bordo do navio dinamarquês,  que ficou ao largo da Síria guardado por uma pequena frota internacional  até que o próximo carregamento chegue a Latakia. Só quando a capacidade  do navio estiver esgotada é que este se deslocará para o porto calabrês.

Hoje, Maurizio Lupi explicou que a escolha do porto calabrês, entre  outros portos italianos, visa, entre outros motivos, evitar que a operação  decorra muito longe do centro do Mediterrâneo. 

O ministro estimou que cerca de 60 contentores carregados de químicos,  incluindo gás mostarda e os ingredientes necessários para produzir gás sarin  e VX, serão transferidos de um barco para o outro, utilizando gruas. 

"Não haverá armazenamento em terra", esclareceu. 

No entanto, a decisão motiva críticas no país, nomeadamente do presidente  da câmara de Gioia Tauro, Renato Bellofiore, que mesmo antes do anúncio  formal considerara a decisão antidemocrática. 

"Isto é muito sério. Estão a pôr a minha vida em risco. Se alguma coisa  acontece, as pessoas vêm buscar-me com forquilhas", disse o autarca. 

O presidente da Câmara da cidade vizinha de San Ferdinando, onde a maior  parte do porto se situa de facto, disse estar a considerar um decreto municipal  para encerrar a zona e evitar o transbordo. 

Lusa