Entretanto, também em Munique, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergey Lavrov, denunciou as críticas de responsáveis da UE e dos Estados Unidos contra o regime ucraniano e afirmou que estes deviam sobretudo condenar a "violência" dos manifestantes.
Kerry, que tem previsto encontrar-se hoje à tarde com responsáveis da oposição ucraniana em Munique, falava durante a conferência de Segurança de Munique, onde dezenas de dirigentes políticos procuram saídas para os conflitos da Síria, Ucrânia, Irão e Médio Oriente.
"Eles lutam pelo direito de se associar aos parceiros que os ajudarão a realizar as suas aspirações. Eles (ucranianos) consideram que o seu futuro não depende de um único país", afirmou o chefe da diplomacia norte-americana numa alusão à Rússia.
Esta tomada de posição de John Kerry representa o apoio mais forte exprimido até hoje por Washington a favor da oposição ucraniana.
John Kerry considerou que "a vasta maioria dos ucranianos quer viver livremente num país seguro e próspero" e que se "bate pelo direito de se associar a parceiros que os ajudarão a realizar as suas aspirações" .
Segundo Kerry, estas aspirações são "abafadas pelos interesses de oligarcas corruptos" que utilizam o dinheiro para abafar a oposição, para comprar homens políticos e os media e enfraquecer a independência da justiça e os direitos das ONG".
O movimento de contestação, resultante da recusa de Viktor Ianukovitch nos finais de novembro de assinar um Acordo de Associação com a UE para se aproximar de Moscovo, transformou-se numa crise profunda que inquieta cada vez mais a comunidade internacional.
O chefe da diplomacia norte-americana também considerou que os acontecimentos na Ucrânia não devem ser vistos por Moscovo como uma ameaça para os seus interesses.
"A Rússia e os outros países não devem ver a integração europeia dos seus vizinhos como um jogo de soma nula", precisou.
Por outro lado, na sua intervenção em Munique o chefe da diplomacia russa defendeu que "a Ucrânia deve poder escolher sem ser submetida a pressões" externas.
"Em que é que os encorajamentos a manifestações de rua cada vez mais violentas estão ligados à promoção da democracia?", questionou Lavrov, respondendo assim às declarações de Kerry.
"Porque é que não ouvimos condenações daqueles que ocupam edifícios governamentais, atacam a polícia, totrturam polícias e utilizam 'slogans' racistas e nazis?", adiantou Lavrov.
Entretanto, a oposição ucraniana, que hoje deverá estar representada em Munique, advertiu em comunicado os europeus para uma intervenção "muito provável do exército" contra os manifestantes em Kiev, que protestam há mais de dois meses contra o regime.
As manifestações da oposição na Ucrânia começaram em novembro depois de Viktor Ianukovitch ter adiado a assinatura do Acordo de Associação com a União europeia prevista para o final daquele mês.
As manifestações recrudesceram este mês depois da aprovação de leis repressivas, com confrontos entre manifestantes e polícias, dos quais resultaram três mortos segundo a versão oficial e o dobro segundo a oposição, além de centenas de feridos.
Lusa