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Estados Unidos e União Europeia "estão ao lado" da oposição ucraniana, diz John Kerry 

O secretário de Estado norte-americano,  John Kerry, afirmou hoje em Munique, Alemanha, que "os Estados Unidos e  a União Europeia estão ao lado do povo ucraniano no seu combate" para se  aproximarem da Europa. 

John Kerry recebe líderes da oposição ucraniana em Munique / Reuters
© Brendan Smialowski / Reuters

Entretanto, também em Munique, o ministro dos Negócios Estrangeiros  russo, Sergey Lavrov, denunciou as críticas de responsáveis da UE e dos  Estados Unidos contra o regime ucraniano e afirmou que estes deviam sobretudo  condenar a "violência" dos manifestantes.       

Kerry, que tem previsto encontrar-se hoje à tarde com responsáveis da  oposição ucraniana em Munique, falava durante a conferência de Segurança  de Munique, onde dezenas de dirigentes políticos procuram saídas para os  conflitos da Síria, Ucrânia, Irão e Médio Oriente.       

"Eles lutam pelo direito de se associar aos parceiros que os ajudarão  a realizar as suas aspirações. Eles (ucranianos) consideram que o seu futuro  não depende de um único país", afirmou o chefe da diplomacia norte-americana  numa alusão à Rússia.  

Esta tomada de posição de John Kerry representa o apoio mais forte exprimido  até hoje por Washington a favor da oposição ucraniana.  

John Kerry considerou que "a vasta maioria dos ucranianos quer viver  livremente num país seguro e próspero" e que se "bate pelo direito de se  associar a parceiros que os ajudarão a realizar as suas aspirações" .  

Segundo Kerry, estas aspirações são "abafadas pelos interesses de oligarcas  corruptos" que utilizam o dinheiro para abafar a oposição, para comprar  homens políticos e os media e enfraquecer a independência da justiça e os  direitos das ONG".  

O movimento de contestação, resultante da recusa de Viktor Ianukovitch  nos finais de novembro de assinar um Acordo de Associação com a UE para  se aproximar de Moscovo, transformou-se numa crise profunda que inquieta  cada vez mais a comunidade internacional.  

O chefe da diplomacia norte-americana também considerou que os acontecimentos  na Ucrânia não devem ser vistos por Moscovo como uma ameaça para os seus  interesses.  

"A Rússia e os outros países não devem ver a integração europeia dos  seus vizinhos como um jogo de soma nula", precisou.  

Por outro lado, na sua intervenção em Munique o chefe da diplomacia  russa defendeu que "a Ucrânia deve poder escolher sem ser submetida a pressões"  externas.  

"Em que é que os encorajamentos a manifestações de rua cada vez mais  violentas estão ligados à promoção da democracia?", questionou Lavrov, respondendo  assim às declarações de Kerry.  

"Porque é que não ouvimos condenações daqueles que ocupam edifícios  governamentais, atacam a polícia, totrturam polícias e utilizam 'slogans'  racistas e nazis?", adiantou Lavrov.   

Entretanto, a oposição ucraniana, que hoje deverá estar representada  em Munique, advertiu em comunicado os europeus para uma intervenção "muito  provável do exército" contra os manifestantes em Kiev, que protestam há  mais de dois meses contra o regime.  

As manifestações da oposição na Ucrânia começaram em novembro depois  de Viktor Ianukovitch ter adiado a assinatura do Acordo de Associação com  a União europeia prevista para o final daquele mês.  

As manifestações recrudesceram este mês depois da aprovação de leis  repressivas, com confrontos entre manifestantes e polícias, dos quais resultaram  três mortos segundo a versão oficial e o dobro segundo a oposição, além  de centenas de feridos.  

     

Lusa