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Estudantes voltam à rua na Venezuela contra o Governo

Os estudantes voltaram a sair à rua na Venezuela,  em protesto contra o Governo, no dia em que a ONU e a Igreja pediram uma  investigação à violência no país.  

Reuters
© Handout . / Reuters

Cerca de mil estudantes opositores do Governo do Presidente venezuelano,  Nicolas Maduro, voltaram a manifestar-se na capital, dois dias depois de  outro protesto ter terminado em violência. Para sábado, Maduro já apelou aos seus apoiantes para se manifestarem  "pela paz e contra o fascismo". 

Na quarta-feira, uma série de manifestações pró e contra Maduro, em  vários locais do país, segundo o balanço oficial, terminou com três mortos,  66 feridos graves e 69 detidos, mas várias organizações não-governamentais  apontam números superiores.  

O Alto-Comissariado da Organização das Nações Unidas para os Direitos  Humanos já expressou a sua preocupação com a situação e pediu uma investigação  "imediata, exaustiva e imparcial" às mortes dos três manifestantes, verificadas  em Caracas, e ao uso excessivo da força. "Milhares de pessoas das grandes cidades da Venezuela participaram nos  protestos contra a detenção de manifestantes estudantis, os altos índices  de criminalidade e as dificuldades económicas", disse em conferência de  imprensa o porta-voz da agência da ONU, Rupert Colville. 

Por seu turno, o presidente da Conferência Episcopal da Venezuela, Diego  Padrón, solicitou hoje ao Governo que desarme "os grupos violentos", ao  referir-se aos incidentes violentos de quarta-feira.  

Padrón, arcebispo de Cumaná, no leste do país, acrescentou, em declarações  a jornalistas, que a pacificação é um processo que começa no "reconhecimento  mútuo dos adversários e continua com uma reconciliação". 

A Conferência Episcopal emitiu um comunicado, lido por Padrón, em que  se exige "uma investigação exaustiva e o castigo dos culpados, no marco  da Constituição e das leis, observando o devido processo judicial".  

Os bispos venezuelanos apelaram ainda aos "dirigentes de todos os partidos  e grupos, tanto sociais como políticos", para que incentivem os seus apoiantes  a contribuir para a redução das tensões, o reconhecimento dos seus adversários  e a reconciliação mútua. 

Na noite de quinta-feira, Maduro criticou a cobertura dos protestos  pela imprensa estrangeira e determinou o encerramento da televisão por cabo  NTN24, que emite notícias 24 horas por dia, acusando-a de transmitir "o  tumulto de um golpe" de Estado.  

Maduro acusou a Agência France Presse de manipulação: "Há muita manipulação.  Denuncio a Agência France-Presse. A AFP está a liderar a manipulação." Acrescentou ainda que tinha ordenado ao ministro das Comunicações para  "tomar medidas e falar muito claramente aos correspondentes da AFP na Venezuela".

A diretora regional da AFP para a América latina, Juliette Hollier-Larousse,  disse hoje que não percebia as observações de Maduro: "Estamos à espera  de um encontro com as autoridades para saber mais". 

Já hoje, a empresa da rede social Twitter, sediada em San Francisco,  comunicou que a Venezuela estaria aparentemente a bloquear o envio de imagens  através desta plataforma pelos manifestantes. 

     

Lusa