"O Governo da República Bolivariana da Venezuela condena contundentemente as declarações emitidas pelo Presidente dos EUA, Barack Obama, na medida em que constituem uma nova e grosseira ingerência nos assuntos internos do nosso país, com a agravante de usar como base informação falsa e asseverações sem fundamento", explica um comunicado divulgado em Caracas.
O documento acusa o chefe do Estado norte-americano de "continuar agredindo um país livre e soberano", cujas "políticas, orientações e decisão são o resultado da vontade popular expressada democraticamente".
"A declaração que os governos independentes e os povos do mundo esperam é aquela em que o Governo dos EUA explique por que financia, incentiva e defende os dirigentes opositores que promovem a violência na nossa pátria e esclareça com que direito o sub-secretário adjunto Alex Lee transmitiu uma mensagem do seu Governo, em que tenta condicionar e ameaçar o Estado venezuelano, pela sua decisão de pôr à ordem da justiça os responsáveis pelos factos violentos dos últimos dias", afirma.
O documento concluiu sublinhando que o "Governo venezuelano reitera que continuará a monitorizar e a tomar as ações necessárias para impedir que agentes dos EUA tentem implantar a violência e a desestabilização, e para informar o mundo sobre a natureza da política intervencionista do Governo de Obama".
O Presidente norte-americano, Barack Obama, condenou, na noite de quarta-feira, a violência na Venezuela e apelou ao Governo daquele país para libertar os manifestantes presos.
Obama disse que condenava a "violência inaceitável" na Venezuela e que juntamente com a Organização dos Estados Americanos (OEA), os Estados Unidos "apelam ao Governo venezuelano para libertar os manifestantes presos e a envolver-se num verdadeiro diálogo".
Obama pediu ao Governo de Nicolás Maduro que "atenda às reclamações legítimas" do seu povo, em vez de desviar a atenção expulsando diplomatas norte-americanos com "falsas acusações".
O ministro venezuelano de Relações Exteriores, Elías Jaua, anunciou que, por ordem do Presidente Nicolás Maduro será chamada a consultas a embaixadora da Venezuela no Panamá, Elena Salcedo, na sequência do que a Venezuela diz serem declarações de ingerência.
Na terça-feira, o Governo do Panamá exortou a Venezuela, através dum comunicado, a estabelecer um diálogo "sem pré-condições" para solucionar a crise política, sublinhando que "se une às vozes da comunidade internacional que clamam pela construção de espaços de conciliação e entendimento".
Por outro lado, o Presidente do Panamá, Ricardo Martinelli, anunciou que ordenou também chamar a consultas o embaixador panamiano na Venezuela, Pedro Pereira.
Seis pessoas morreram na Venezuela durante as manifestações de protesto convocadas pela oposição contra o Governo há uma semana.
Lusa