Numa carta aberta aos líderes europeus, o Presidente russo também pediu a Bruxelas para "se envolver mais ativamente" para encontrar formas de estabilizar a crise na economia Ucraniana.
"Infelizmente, temos de dizer que não recebemos nenhuma proposta concreta de nossos parceiros sobre uma forma de estabilizar a situação", disse Putin, numa carta divulgada pelo Kremlin, de acordo com a Agência France Presse (AFP).
Putin afirmou que a Rússia foi "forçada" a ameaçar cortar o fornecimento de gás a partir de 3 de junho depois da mudança para pagamentos adiantados porque a Ucrânia acumulou uma dívida de gás de 2,6 mil milhões de euros.
"A Federação da Rússia ainda está aberta para continuar as consultas e trabalhar em conjunto com os países europeus, a fim de normalizar a situação", disse Putin.
"Esperamos também que a Comissão Europeia participe mais ativamente no diálogo, a fim de elaborar soluções específicas e justas para ajudar a estabilizar a economia da Ucrânia", acrescentou.
Cerca de 15% de todo o gás consumida na Europa é distribuído pela Rússia através da Ucrânia e Bruxelas teme que um corte leve a interrupções no fornecimento para a UE.
Em resposta, a Comissão Europeia classificou as afirmações de Putin como "infundadas", destacando que Bruxelas procurou negociações durante "muito tempo".
"Até agora foram feitos alguns progressos e a Rússia e a Ucrânia devem agora trabalhar sobre isso, nomeadamente quanto à definição do preço do gás", disse a porta-voz da Comissão, Pia Ahrenkilde-Hansen.
"Deixe-me reiterar a expectativa clara da UE de que todos os lados envolvidos permaneçam confiáveis e fornecedores responsáveis, no seu próprio interesse. A energia não deve ser usado como uma arma política".
A Ucrânia recusou cumprir as suas obrigações em protesto contra a decisão de Moscovo de quase duplicar o preço que cobra a Kiev para importações de gás.
O perigo para os países da UE é que a Ucrânia, cujos cofres estaduais estão vazios e quase totalmente dependentes de 17 mil milhões de dólares prometidos pelo Fundo Monetário Internacional, não irá cobrir a sua dívida e ficará com o gás que a Rússia tinha reservado para seus clientes europeus.
Na terça-feira, o primeiro ministro ucraniano, Arseniy Yatsenyuk, disse em Bruxelas que seu governo levaria a Rússia a tribunal, a menos que aquele país aceite um contrato de fornecimento de gás com base em preços de mercado.
Lusa