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Detidos cinco organizadores da marcha pela democracia em Hong Kong

Pelo menos cinco dos organizadores  da marcha pela democracia que a 1 de julho juntou centenas de milhares  de pessoas nas ruas de Hong Kong foram detidos hoje pela polícia da Região  Administrativa Especial chinesa.  

© Stringer . / Reuters

A Frente Civil para os Direitos Humanos, que organiza a marcha anual,  indicou que cinco dos seus membros foram detidos por obstrução e violação  das condições definidas pelas autoridades para o protesto, informou a Rádio  e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK).  

Os organizadores da marcha de 1 de julho - data da transferência da  soberania de Hong Kong do Reino Unido para a China - indicaram que 510  mil pessoas saíram à rua, na que foi considerada a manifestação mais participada  da década. A polícia estimou o número de participantes em cerca de 100 mil,  com base no número de pessoas que se concentraram no ponto de partida, o  Parque Vitória.  

Os números do protesto de terça-feira continuam a gerar controvérsia,  com o jornal South China Morning Post a avançar na sua edição de hoje o  resultado de um estudo independente que comissionou, o qual estima em 140.408  o universo de participantes da marcha. 

 Dois académicos da Universidade de Hong Kong estimaram a participação  na marcha em entre 122 mil e 172 mil pessoas, refere o mesmo jornal. 

A marcha de 1 de julho teve como principal mote a reivindicação de  democracia plena em Hong Kong e menos interferência nos assuntos locais  por parte de Pequim. 

O protesto seguiu-se à publicação do "livro branco" de Hong Kong, em  que o governo central chinês reafirma o seu controlo e soberania sobre o  território, e ao encerramento da votação num referendo informal de dez dias  sobre a reforma democrática, o qual contou com a participação de mais de  780 mil residentes de Hong Kong, quase um quarto dos 3,47 milhões de eleitores  registados em 2012. 

A imprensa oficial chinesa atacou, por várias vezes, o referendo informal,  considerando-o ilegal, antipatriótico e motivado pela "paranoia política".

O referendo, que pedia aos residentes da antiga colónia britânica para  escolherem um de três métodos de eleição do próximo chefe do Governo, em  2017, foi lançado pelo movimento pró democrata "Occupy Central", nome do  distrito financeiro de Hong Kong. 

O chefe do Governo de Hong Kong é escolhido por um colégio eleitoral  formado por 1.200 membros, representativos dos diversos setores da sociedade,  dominado por elites pró-Pequim. 

Lusa