Theodore van Kirk, conhecido como "o holandês", morreu na segunda-feira de causas naturais no lar de Stone Mountain, na Georgia, sul dos EUA, noticiou a cadeia televisiva NBC.
Van Kirk, que na altura do bombardeamento tinha 24 anos, era o comandante do Enola Gay, um bombardeiro B-29, e um dos 12 membros da equipa. O avião largou a primeira bomba nuclear, apelidada "Little Boy", (Pequeno Rapaz, em português) sobre Hiroshima às 8:45 locais, a 6 de agosto de 1945, provocando a morte de 145.000 pessoas, a maioria da população da cidade, situada no sudoeste da Ilha Honshu, a maior do arquipélago japonês.
Foi a primeira vez que uma bomba atómica foi utilizada durante uma guerra. A segunda foi largada três dias mais tarde, a 09 de agosto, sobre Nagasaki, matando 70.000 pessoas.
"O avião deu um salto e fez um barulho de metal a dobrar" após a explosão, afirmou van Kirk ao New York Times, na ocasião do 50. aniversário do bombardeamento.
"Imediatamente a seguir, virámo-nos para ver a nuvem que crescia sobre a cidade de Hiroshima", disse.
"Toda a cidade estava coberta de fumo, poeira e sujidade. Parecia um caldeirão de alcatrão negro a ferver. Conseguíamos ver alguns incêndios na periferia da cidade", contou van Kirk.
O navegador do Enola Gay relatou sentir um "sentimento de alívio" pois ele tinha a convicção de que essa bomba iria pôr fim à segunda guerra mundial.
A 15 de agosto o Japão rendeu-se.
Apesar da controvérsia sobre o bombardeamento que matou instantaneamente dezenas de milhares de civis e impôs sobre outros milhares as consequências da radiação, van Kirk defendeu a operação num artigo na revista Time, em 2005.
"Não se tratava de voltar à base ou largar (a bomba) sobre a cidade, matando os habitantes", escreveu van Kirk.
"Tratava-se de destruir os objetivos militares na cidade de Hiroshima, o mais importante quartel-general do exército encarregue de defender o Japão em caso de invasão. Tinha que ser destruído", sublinhou o aviador.
O funeral está previsto para 5 de agosto, na sua cidade natal de Northumberland, na Pensilvânia, no este dos EUA. As cerimónias serão realizadas na intimidade da família e amigos, segundo a cadeia televisiva CBS.
Lusa