Mundo

China reitera que assuntos de Hong Kong são uma questão interna

O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, recordou hoje à comunidade internacional que os assuntos da região administrativa especial de Hong Kong pertencem à "política interna" da China, sublinhando ainda a necessidade de respeitar a soberania dos países. 

Primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, com Chanceler alemã, Angela Merkel (Reuters)

Li Keqiang, que está a realizar uma visita a Berlim, aproveitou uma conferência de imprensa conjunta com a chanceler alemã, Angela Merkel, para reiterar a posição de Pequim e para afirmar que acredita que os cidadãos de Hong Kong, "com a sua sabedoria", e o executivo da região administrativa especial chinesa "vão ser capazes de manter o bem-estar da sociedade e garantir a estabilidade". 

Questionado sobre as manifestações pró-democracia que têm marcado o quotidiano daquela região, o político referiu que Pequim mantém a norma de "um país, dois sistemas", atribuindo uma "grande autonomia" a Hong Kong. 

"Não têm existido mudanças nessa política e assim irá continuar", frisou. 

Manter a "prosperidade" e a "estabilidade" a longo prazo de Hong Kong, salientou o governante, "não é apenas do interesse de Pequim, mas de todos os habitantes" da ex-colónia britânica, que regressou à soberania chinesa em julho de 1997. 

Ainda na conferência de imprensa, Li Keqiang assegurou que serão respeitados os "legítimos" interesses dos investidores estrangeiros em Hong Kong, um dos principais centros financeiros internacionais, destacando ainda que o executivo regional também tem de proteger os habitantes da cidade de possíveis danos. 

Em declarações aos jornalistas, a "anfitriã" Angela Merkel afirmou que espera que o direito de expressão e de manifestação em Hong Kong seja respeitado e que os protestos se mantenham pacíficos. 

A chanceler alemã assegurou ainda que, durante o encontro com Li Keqiang, foram abordadas todas as questões de forma aberta e que defendeu a necessidade de existirem regras claras para o acesso ao mercado chinês, mas também em matérias como a liberdade de imprensa e o respeito dos Direitos Humanos. 

O Governo de Hong Kong decidiu na quinta-feira cancelar as negociações com os dirigentes estudantis que lideram os protestos pró-democracia. 

"A base para um diálogo construtivo foi minada. É impossível ter uma reunião construtiva", disse a secretária chefe do executivo da Região Administrativa Especial chinesa, Carrie Lam, em declarações aos jornalistas. 

Em reação à decisão do executivo regional, milhares de pessoas estão hoje novamente concentradas nas ruas de Hong Kong para pedir mais democracia para aquele território. 

Os manifestantes foram convocados na quinta-feira pelos três grupos, um dos quais designado 'Occupy Central', que lideram os protestos. 

"Estamos aqui para fazer mais pressão e para forçar o governo a escutar-nos, não esperamos que as nossas exigências sejam cumpridas imediatamente, mas sim que o nosso governo abra uma via de diálogo e que entenda que a democracia é dos cidadãos, não das instituições", afirmou, em declarações à agência espanhola EFE, Miriam Fong, uma administrativa de Hong Kong. 

Os manifestantes pró-democracia contestam uma decisão de Pequim que limita o sufrágio universal naquele território. 

A China prometeu a Hong Kong que o chefe do Executivo local a eleger em 2017 poderia ser escolhido livremente pela população. 

No entanto, a 31 de agosto, Pequim determinou que os candidatos ao cargo têm de reunir mais de metade dos votos de um comité de nomeação. 

 

Lusa