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China garante que cumprirá compromissos relativos ao clima

O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros chinês assegurou esta quarta-feira que a posição do Presidente norte-americano eleito, Donald Trump, quanto ao Acordo de Paris sobre as alterações climáticas "não afetará os compromissos" internacionais da China nesta matéria.

China garante que cumprirá compromissos relativos ao clima
© Youssef Boudlal / Reuters

Em declarações à imprensa em Marraquexe, à margem da cimeira da ONU sobre o clima (COP22), Liu Zhenmi indicou que numa conversa telefónica mantida na segunda-feira com Trump, o Presidente chinês, Xi Jinping, "lhe propôs manter a estreita cooperação que tem existido entre os dois países em matéria de combate às alterações climáticas nos últimos anos".

Embora acrescentando que Xi não obteve uma resposta de Trump, o vice-ministro chinês pediu cautela e alguns meses "para ver qual é a atitude do Presidente eleito a respeito da ação climática" e manifestou confiança em que "a principal potência económica do mundo não volte a repetir a atitude que teve no passado em relação ao Protocolo de Quioto", que assinou e depois não ratificou.

Inquirido sobre o que pensa das afirmações de Trump de que "as alterações climáticas são um embuste", Liu disse que "os países investiram demasiado em investigação científica para constatar o fenómeno do aquecimento global [pelo que] esse tipo de afirmações não tem sentido".

O governante chinês evocou também a história das ciências do clima e das negociações em torno do mesmo e recordou a Trump que o órgão máximo nessa matéria, o Painel Intergovernamental de Especialistas em Alterações Climáticas (IPCC, na sigla inglesa), foi impulsionado por um Governo republicano nos Estados Unidos, em finais dos anos 1980.

A China espera que "os países desenvolvidos continuem a liderar os esforços de mitigação e adaptação às mudanças climáticas", mas não considera que, se os Estados Unidos se desvincularem do Acordo de Paris, isso "possa ter um impacto negativo para o resto" dos países, segundo Liu.

"Estamos mais unidos que nunca para apoiar este processo", observou, sublinhando que da transição para uma economia baixa em emissões de carbono "dependerá a prosperidade dos Estados Unidos e o lucro das suas empresas", pelo que espera que Trump "tome decisões inteligentes" a esse respeito.

Sobre se a União Europeia será capaz de encabeçar o Acordo de Paris perante uma possível saída dos Estados Unidos, Liu declarou que a UE "sempre liderou a ambição climática", que "está mais forte que nunca para continuar a fazê-lo" e que contará com o apoio da China nesses esforços.

O diplomata chinês vaticinou que, ainda que os combustíveis fósseis continuem a ser uma fonte importante de energia, irão perdendo peso nas fontes energéticas e será necessário desenvolver tecnologias para aspirar as suas emissões.

E garantiu igualmente que a China mantém o seu compromisso de atingir o pico das suas emissões antes de 2030 e de, a partir dessa data, as reduzir de forma significativa.

Lusa