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Venezuela diz que não atende pedidos do Vaticano sobre diálogo

O Governo venezuelano enviou uma carta ao Vaticano recusando atender a vários pedidos da Santa Sé que visam criar condições para retomar o diálogo com a oposição, revela esta sexta-feira a imprensa venezuelana.

Venezuela diz que não atende pedidos do Vaticano sobre diálogo
© Handout . / Reuters

Na missiva enviada ao secretário do Vaticano, cardeal Pietro Parolin,, divulgada pelo portal La Patilla, o Governo venezuelano, protesta energicamente pelos termos da carta do Vaticano e explica que o acompanhamento que Caracas deseja deve ser "prudente, silencioso e imparcial".

O Vaticano enviou no início do mês uma carta instando o executivo venezuelano a tomar medidas para entrarem alimentos e medicamentos no país, para aliviar a crise humanitária, além de apelar à libertação dos presos políticos, a um acordo sobre um calendário eleitoral e à restituição das competências do parlamento.

Na carta do Governo, assinada pelo vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, o partido do Governo), Jorge Rodríguez, afirma que há "um verdadeiro bloqueio internacional financeiro" contra o país, por parte do "sistema financeiro internacional".

"A resposta da MUD [Mesa de Unidade Democrática, na oposição] tem sido a omissão e o silêncio, apesar de terem expressado estar de acordo", acusou.

Segundo o documento, na Venezuela há um calendário eleitoral de acordo com o previsto na Constituição e nas leis venezuelanas, que inclui eleições para governadores de Estado em meados de 2017, eleições municipais em finais de 2017 e eleições presidenciais em finais de 2018.

Para Caracas, é de uma "ligeireza assombrosa" que o Vaticano se refira à "libertação dos detidos" (presos políticos) e precisa que "são pessoas que incorreram em delitos contra a ordem constitucional, as pessoas e a propriedade".

No documento salienta-se ainda que "a Venezuela não é um protetorado do Vaticano" e que para continuar a ser "acompanhante convidado", a Santa Sé deve questionar-se se "tomar partido" por uma das partes "favorece o processo de diálogo ou se, pelo contrário, procura a sua implosão".

A 30 de outubro, o Governo e a oposição iniciaram um diálogo sob a mediação do Vaticano e da Unasul (União das Nações da América Latina) que levou à criação de quatro mesas de negociação.

A 12 de novembro, o Governo e a oposição acordaram trabalhar conjuntamente para a recuperação da economia e o combate à insegurança, tendo agendado nova reunião de diálogo para 06 de dezembro.

No entanto, a MUD não participou nessa reunião, alegando falta de cumprimento dos acordos por parte do Governo.

Segundo a oposição, o Governo tinha prometido também libertar os presos políticos, criar um canal humanitário para a entrada de alimentos e medicamentos no país, estabelecer um cronograma eleitoral e avançar com uma data para eleições presidenciais.

Na quarta-feira, a MUD insistiu em que não irá a qualquer reunião de diálogo enquanto os acordos não forem cumpridos e anunciou que vai voltar aos protestos de rua.

Lusa