"Não podemos permitir que a RCA (República Centro-Africana) se torne uma crise esquecida", afirmou Christine Muhigana, representante da UNICEF no país, citada num comunicado da organização.
"A realidade é que sem apoio suficiente não teremos capacidade para proporcionar os serviços vitais necessários para manter as crianças saudáveis, em segurança e na escola", adiantou.
Segundo a UNICEF, a recuperação da RCA é frágil e continuam a ser um problema a violência esporádica e a instabilidade, estimando-se em cerca de 890 mil o número dos que tiveram de fugir das suas casas e em 2,2 milhões, metade dos quais crianças, os que precisam de assistência humanitária.
A violência e a deslocação generalizada "deixaram as crianças especialmente vulneráveis em termos de saúde, exploração e abuso", indica o comunicado.
"Quase metade das crianças menores de cinco anos (41%) sofre de má nutrição crónica que compromete o seu desenvolvimento físico e intelectual, uma em cada sete crianças morrerão antes dos cinco anos e um terço das crianças não estão na escola", refere a agência da ONU.
Em 2017, a UNICEF e organizações parceiras pretendiam tratar 29.585 menores de cinco anos com desnutrição aguda e dar apoio psicossocial a 50 mil crianças.
"Proporcionar a 320 mil pessoas acesso a serviços de saúde essenciais e fornecer água potável a 450.000 pessoas deslocadas e às comunidades que as acolhem" são outros dos objetivos daquelas organizações para o corrente ano.
No entanto, a UNICEF "tem um défice de financiamento de 32,6 milhões de dólares (29,6 milhões de euros)" e a RCA é considerada um dos países "mais perigosos para o pessoal das organizações humanitárias", com 14 incidentes envolvendo estas organizações registados apenas em março.
"Os serviços sociais continuam a não existir em muitas zonas do país onde as organizações humanitárias têm de prestar assistência de emergência às populações mais vulneráveis", assinalou Christine Muhigana, adiantando que "a UNICEF está a trabalhar para levar assistência humanitária a áreas afetadas pelo conflito e a trabalhar com o governo na recuperação das zonas que são seguras."
Lusa