A Mercy Corps decidiu igualmente avançar com uma investigação interna sobre as acusações que recaem sobre os dois funcionários.
A decisão da ONG norte-americana foi tomada dias depois das autoridades gregas terem anunciado uma investigação sobre o caso e umas semanas depois de a Comissão Europeia (CE) ter suspendido o financiamento à organização.
"A Mercy Corps está empenhada em proteger os seus beneficiários e tem tolerância zero para qualquer forma de abuso, exploração, fraude ou roubo", declarou a ONG, num comunicado, em que anunciou que os dois funcionários vão ficar afastados até ao resultado da investigação.
A CE alertou para este caso no passado dia 16 de maio, depois do Ministério da Migração grego, liderado por Yannis Muzalas, ter decidido tomar medidas e levar o caso à Procuradoria-geral helénica.
Caso se confirme, será a primeira vez que uma organização humanitária com sede na Grécia está envolvida num caso deste género.Segundo um relatório da Universidade de Harvard (Estados Unidos), publicado no início deste ano, existe na Grécia uma "epidemia crescente" de casos de exploração e de prostituição infantil. Muitos destes casos ocorrem para pagar aos traficantes que prometem levar os migrantes para os países do norte da Europa.
O presidente da secção grega da organização Médicos do Mundo, Nikitas Kanakis, disse recentemente que estas situações são um fenómeno novo e crescente do tráfico de pessoas e afeta sobretudo migrantes mulheres.Até à data, não existiam referências de abusos ou crimes cometidos pelas próprias organizações humanitárias.
O único caso de abuso relacionado com um funcionário humanitário e conhecido até ao momento na Grécia envolveu um franciscano francês de 52 anos, que foi detido em fevereiro passado em Salónica.
O franciscano foi acusado de ter alegadamente abusado sexualmente de quatro menores paquistaneses, com idades compreendidas entre os 14 e os 17 anos.
Lusa