Mundo

Parlamento do Iraque pede envio de tropas para o Curdistão e fecho de fronteiras

O parlamento iraquiano pediu hoje ao primeiro-ministro, Haider al-Abadi, que autorize o envio do exército para as zonas disputadas, controladas pelas forças curdas desde a invasão militar dos EUA em 2003 e a queda do regime de Saddam Hussein.

Soldados Peshmerga curdos votam no referendo sobre a independência do Curdistão.
Soldados Peshmerga curdos votam no referendo sobre a independência do Curdistão.
Azad Lashkari / Reuters

Os deputados solicitaram ao primeiro-ministro iraquiano, que também assume a função de chefe máximo das Forças Armadas, um conjunto de medidas -- que também incluem o controlo das fronteiras externas --, destinadas a contrariar a realização do referendo sobre a independência do Curdistão iraquiano, que hoje decorre, e firmemente rejeitado por Bagdade, referiu um parlamentar citado pela agência noticiosa Efe.

Além das quatro regiões do Curdistão iraquiano (Dohuk, Erbil, Suleimaniya e Halabja), as autoridades curdas e centrais disputam vários territórios nas províncias de Kirkuk, Diyala e Nineveh, que dependem administrativamente de Bagdade mas que na prática estão controladas pelos peshmergas, as forças de segurança curdas.

O Curdistão iraquiano garante um estatuto de autonomia desde a década de 1990, reconhecido na Constituição de 2005, na qual o Iraque é definido como um Estado federal.

Nos territórios sob administração autónoma apenas operam as forças de segurança dependentes de Erbil, a capital do Curdistão iraquiano, e que se encarregam de controlar as zonas de fronteiras, incluindo as internacionais (com a Turquia e Irão) e nacionais, onde a passagem também é sujeita a postos de controlo.

Os deputados, que votaram sem a presença no hemiciclo dos deputados curdos, também solicitaram que se proíba a instalação de empresas nas quatro regiões do Curdistão iraquiano.

Em paralelo, pediram que se concretize a destituição de Neshmedin Karim, o governador de Kirkuk e cuja destituição foi aprovada na Assembleia legislativa em 14 de setembro, após ter permitido a realização do referendo nesta cidade sob controlo efetivo dos curdos, apesar de administrativamente dependente de Bagdade.

Os curdos foram hoje chamados às urnas para decidir sobre a independência da sua região, apesar da oposição e das pressões de Bagdade, dos países vizinhos (em particular Irão e Turquia) e de diversas instâncias internacionais e governos, que consideram a votação uma nova fonte de conflito na desestabilizada região do Médio Oriente.

Lusa