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Proposta de um cessar-fogo na Síria sem acordo

O embaixador da Rússia junto das Nações Unidas afirmou esta quinta-feira que os 15 membros do Conselho de Segurança não alcançaram um acordo para aprovar um cessar-fogo de 30 dias na Síria, proposta negociada há mais de duas semanas.

Proposta de um cessar-fogo na Síria sem acordo
Mary Altaffer

Durante uma reunião de urgência daquele alto órgão das Nações Unidas, convocada na quarta-feira por Moscovo, Vassily Nebenzia denunciou "os discursos catastróficos", que já tinham sido utilizados a propósito da situação na cidade de Alepo (nordeste da Síria, perto da fronteira com a Turquia) em finais de 2016.

Segundo o representante russo, cujo país é um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança e tem direito de veto, a retórica utilizada não corresponde à situação no terreno.

Os Estados Unidos e a França, entre outros membros do Conselho de Segurança, protestaram contra a posição da Rússia, o principal aliado internacional do regime de Damasco.

O embaixador francês, François Delattre, mencionou os "ataques contra hospitais" e descreveu o cenário no território sírio como uma "situação insustentável".

"A urgência no terreno é absoluta" e "é essencial adotar rapidamente" a resolução em discussão entre os 15 membros do Conselho de Segurança, frisou o representante diplomático francês. François Delattre advertiu ainda "contra o pior", que seria "um alargamento do conflito".

Proposto pelo Kuwait e pela Suécia, o projeto de resolução em discussão previa uma trégua humanitária na Síria durante um período de 30 dias, de forma a permitir o acesso a Ghouta Oriental, o último grande bastião da oposição síria nos arredores de Damasco, e a retirada de doentes e feridos.

Esta trégua foi pedida a 06 de fevereiro pelas organizações da ONU que estão no terreno, nomeadamente para fornecer ajuda às cerca de 400 mil pessoas que vivem em Ghouta Oriental.

O enclave rebelde está sitiado pelas forças do regime sírio de Bashar al-Assad desde 2013 e enfrenta uma grave crise humanitária, marcada pela escassez de alimentos e de medicamentos.

Para evitar o veto russo, os negociadores aceitaram há uma semana excluir do cessar-fogo as zonas em que estão a ser travados combates contra grupos 'jihadistas', como o grupo extremista Daesh ou a Al-Qaida.

Desencadeado em março de 2011 pela violenta repressão do regime de Bashar al-Assad de manifestações pacíficas, o conflito na Síria ganhou ao longo dos anos uma enorme complexidade, com o envolvimento de países estrangeiros e de grupos 'jihadistas', e várias frentes de combate.

Num território bastante fragmentado, o conflito civil na Síria provocou, desde 2011, mais de 350 mil mortos, incluindo mais de 100 mil civis, e milhões de deslocados e refugiados.

Lusa