"A legislação nos países da OCDE sobre os menores segue os princípios do interesse superior da criança. Neste caso, como notou a Unicef, a separação não é certamente no melhor interesse da criança", afirmou o secretário-geral da OCDE, Angel Gurria, em conferência de imprensa.
Gurria sublinhou que "a segurança do Estado e o humanismo básico não são incompatíveis", antes de enunciar várias críticas emitidas nos últimos dias por senadores dos EUA ou pelo Governo mexicano.
Questionado sobre a situação em Itália, Gurria afirmou que este país "recebeu centenas de milhares de refugiados sem ter recebido dos seus colegas, dos seus vizinhos da União Europeia, os apoios necessários correspondentes ao esforço que a Itália estava a fazer em nome de todos".
"O que está a acontecer em Itália mostra que a Itália está um pouco isolada", acrescentou Stefano Scarpetta, diretor da OCDE para as questões do emprego e assuntos sociais.
Questionado sobre o possível projeto europeu de criar campos de triagem de migrantes fora das fronteiras da UE, Scarpetta disse que "não há uma solução rápida que resolva o problema".
"Nós preconizamos um conjunto de medidas", como o controlo de fronteiras, mas também "uma partilha de responsabilidades".
O responsável defendeu que "falta sobretudo ajudar os países na primeira linha".
Os dois representantes da OCDE falavam numa conferência de imprensa de apresentação do relatório anual da organização sobre as migrações internacionais.
"Estamos num ponto crítico: vemos progressos inegáveis na cooperação internacional" para acolher refugiados, mas "muitas pessoas sentem-se assoberbadas por mensagens contraditórias e têm a impressão de não compreenderem o que se passa", afirmou Angel Gurria.
Quanto às consequências no mercado de trabalho, "os medos são o oposto dos factos", sublinhou, destacando que o impacto da chegada dos refugiados seria "reduzido" e "concentrado".
"Mas, como é preciso tempo para encontrar trabalho", este fluxo "resultará primeiro no aumento do desemprego", disse, enfatizando o papel "crucial" da integração.
Lusa