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Tribunal de Myanmar adia veredito dos dois jornalistas da agência Reuters

Um tribunal de Myanmar adiou esta segunda-feira o veredito no caso dos dois jornalistas da agência Reuters acusados de obterem ilegalmente documentos oficiais do Governo, na sequência de uma investigação que realizavam sobre "limpeza étnica" da minoria rohingya.

Tribunal de Myanmar adia veredito dos dois jornalistas da agência Reuters
Ann Wang

O veredito, que devia ser hoje conhecido, foi adiado para o próximo dia 03 de setembro, por motivo de doença do juiz Ye Win, informou a agência Associated Press. Wa Lone, de 31 anos, e Kyaw Soe Oo, de 27, foram detidos em dezembro por alegadamente terem obtido "documentos secretos importantes" de dois polícias.

Em julho, foram acusados oficialmente de violarem a "Lei de Segredos Oficias", que data da época colonial, crime pelo qual arriscam agora uma pena de até 14 anos de prisão. Ambos declararam-se inocentes.Na investigação que levaram a cabo, os dois jornalistas citam aldeões budistas que terão participado com soldados no massacre de Inn Dinn, a 2 de setembro do ano passado, quando dez rohingya foram mortos.

No sábado, milhares de refugiados rohingyas manifestaram-se nos campos de refugiados do distrito de Cox's Bazar, Bangladesh, para exigir "justiça", um ano depois da fuga em massa devido à violência das forças de segurança de Myanmar (antiga Birmânia).

"Estamos a pedir justiça à ONU", gritaram os refugiados. O drama humanitário fez no dia 25 um ano e o seu epicentro foi no Estado de Rakhine, oeste de Myanmar, quando mais de 700 mil membros da minoria muçulmana rohingya foram obrigados a fugir para o vizinho Bangladesh.

Myanmar, onde a população é maioritariamente budista, não reconhece esta minoria muçulmana como parte da sua população, cortando-lhe direitos fundamentais e impondo-lhe múltiplas restrições, nomeadamente a liberdade de movimentos.

Esta campanha de repressão do exército de Myanmar contra os rohingyas é classificada pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos como "uma limpeza étnica", marcada por violações, assassínios e destruição das casas desta minoria entre 2016 e 2017.

Lusa