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Parlamento ucraniano aprova imposição da lei marcial durante 30 dias

O parlamento da Ucrânia aprovou esta segunda-feira a imposição da lei marcial nas regiões fronteiriças do país durante 30 dias, num contexto de fortes tensões com a Rússia, que apresou no domingo três navios militares ucranianos no mar Negro.

Parlamento ucraniano aprova imposição da lei marcial durante 30 dias
Valentyn Ogirenko

Um projeto de lei 'ad hoc' foi aprovado por 276 deputados, quando o mínimo exigido era 226, numa sessão intempestiva que contou com a presença do Presidente, Petro Poroshenko, e do seu primeiro-ministro, Volodymyr Groïsman.

A decisão, sem precedentes desde a independência desta ex-república soviética, em 1991, foi adotada por iniciativa do Presidente, que a justificou com o risco aumentado de uma ofensiva terrestre russa.

"As informações dos serviços secretos mostram a ameaça extremamente elevada de uma operação terrestre contra a Ucrânia", afirmou Poroshenko horas antes, numa mensagem à nação transmitida pela televisão.

"Assim que o soldado russo atravessar a nossa fronteira, eu não perderei um segundo para proteger o nosso país", disse o chefe de Estado ucraniano aos deputados, antes da votação.

Perante a resistência de alguns parlamentares, Poroshenko teve de alterar algumas disposições do seu projeto de lei, nomeadamente reduzindo a duração da lei marcial de 60 para 30 dias para não criar obstáculos à campanha eleitoral para as presidenciais, que deve começar em 31 de dezembro.

O Presidente reduziu igualmente o âmbito da ação da lei a várias regiões fronteiriças, quando inicialmente se destinava a abranger a totalidade do território ucraniano.

Numa votação separada, os deputados marcaram formalmente a data das eleições presidenciais para 31 de março de 2019.No domingo, embarcações russas apoderaram-se de três navios militares ucranianos - duas pequenas lanchas blindadas e um rebocador - depois de terem disparado sobre eles, fazendo uma vintena de prisioneiros no estreito de Kertch, que liga o mar Negro ao mar de Azov.

Este incidente armado fez também diversos feridos entre os ucranianos - seis, segundo Kiev, e três, segundo Moscovo - e desencadeou reações de condenação na Ucrânia e em vários dos seus aliados ocidentais.

Nos últimos meses, Kiev e o Ocidente têm com regularidade acusado a Rússia de deliberadamente "colocar entraves" à navegação de barcos comerciais ucranianos entre o mar Negro e o mar de Azov.

A Rússia anexou em 2014 a península ucraniana da Crimeia e é acusada por Kiev e pelo Ocidente de apoiar militarmente os separatistas pró-russos no leste da Ucrânia, num conflito que já fez mais de 10.000 mortos.Moscovo nega o seu envolvimento militar, apesar das numerosas provas recolhidas por diversos órgãos de comunicação social internacionais.

Lusa