Pelo menos cinco soldados afegãos morreram devido a um erro no alvo de um ataque aéreo norte-americano que visava as tropas insurgentes no sul do Afeganistão, segundo informou hoje o Ministério da Defesa daquele país.
O incidente aconteceu durante uma operação na noite de terça-feira perto da cidade de Tarin Kot, na província de Uruzgan, resultado de "uma falha de comunicação entre as tropas afegãs e a força aérea", explicou o órgão governativo, sem fornecer mais detalhes.
"Estava muito escuro e um erro aconteceu, resultando na morte de cinco soldados do exército e outros 10 feridos", pode ler-se no comunicado do ministério, que confirmou a abertura de uma investigação.
Os combates entre os talibãs e as forças do governo afegão apoiadas pelos Estados Unidos da América, num Afeganistão devastado pela guerra, continuam mesmo após os líderes dos insurgentes e o governo norte-americano terem concluído uma ronda de negociações pela paz, no Qatar.
O exército norte-americano afirmou que o ataque aéreo foi realizado com o objetivo de defesa relativamente a ataques dos quais eram alvo em terra.
"Os ataques foram realizados depois das forças afegãs e norte-americanos sofrerem disparos e fogo vindo de lança-granadas, pedindo ajuda aérea para sua defesa. Estamos a operar num ambiente complexo onde os combatentes inimigos não usam uniformes e usam veículos militares roubados para atacar as forças do governo", explicou o porta-voz da Missão de Apoio Resoluto no Afeganistão, Bob Purtiman, em comunicado.
Já houve outro incidente
Num outro incidente, o jornalista afegão Nesar Ahmad Ahmadi ficou ferido quando uma bomba presa ao seu carro explodiu quando se preparava para sair para o trabalho, na terça-feira, ficando ferido numa perna, não se conhecendo para já a autoria do atentado.
Os jornalistas afegãos têm sido alvos de vários ataques, sendo que o relatório anual do Comité para a Segurança de Jornalistas Afegãos registou 121 casos de violência em 2018, resultando em 17 mortos, o que faz do país um dos mais violentos para estes profissionais.
Negociações entre Afeganistão e Estados Unidos
Estes ataques são alguns dos mais recentes atos de violência num Afeganistão devastado pela guerra, apesar das negociações de paz entre os talibãs e os norte-americanos, em que ambos os lados relatam haver progressos.
As quase duas semanas de conversações no Qatar produziram dois projetos de acordo sobre um "cronograma de retirada [das tropas norte-americanas que apoiam as forças governamentais] e medidas eficazes de contraterrorismo", de acordo com o que o enviado americano Zalmay Khalilzad escreveu nas redes sociais.
Em nota, os talibãs dizem que foram "alcançados progressos" nessas questões, mas têm recusado consistentemente conversações com o Governo em Cabul, descrevendo-o como um fantoche dos Estados Unidos.
A última ronda de negociações terminou na terça-feira, não havendo data para uma próxima.
Com Lusa