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Polícia de Hong Kong confirma cinco detenções após confrontos no aeroporto

Dois dos detidos são acusados de agredir um elemento das forças policiais.

Polícia de Hong Kong confirma cinco detenções após confrontos no aeroporto
Thomas Peter

A polícia de Hong Kong confirmou hoje a detenção de cinco pessoas na sequência dos confrontos registados entre as forças policiais e manifestantes pró-democracia no aeroporto internacional daquela região administrativa da China.

O porta-voz da polícia local, Mak Chin-ho, precisou que os cinco homens detidos, com idades compreendidas entre os 17 e os 28 anos, são acusados de promover uma manifestação ilegal.

Dois dos detidos são igualmente acusados de agredir um elemento das forças policiais e de possuir armas ofensivas, segundo a mesma fonte.

O porta-voz admitiu a possível detenção de mais suspeitos, incluindo ativistas que agrediram um polícia da unidade antimotim durante incidentes registados terça-feira à noite no aeroporto de Hong Kong.

A lei do território prevê sentenças de prisão perpétua para as pessoas que cometam atos violentos ou atos que possam interferir na segurança do tráfego aeroportuário e do aeroporto.

"A polícia promete a todos os cidadãos de Hong Kong que tomaremos as medidas para levar todos os culpados à justiça", concluiu o porta-voz, em declarações à comunicação social.

A grande maioria dos manifestantes pró-democracia são estudantes universitários, cerca de metade são homens e está na faixa etária dos 20 anos e quase todos admitem que odeiam a polícia, segundo um estudo hoje divulgado pelas agências internacionais que traça o perfil dos ativistas que têm estado envolvidos nestas últimas 10 semanas de protestos em Hong Kong.

O estudo, desenvolvido por investigadores de quatro universidades daquele território, envolveu entrevistas a mais de 6.680 pessoas ao longo de 12 ações de protesto de diferentes tipos, de grandes manifestações a iniciativas de menor dimensão.

Quando questionados sobre as razões que motivaram o seu envolvimento no movimento pró-democracia, 87% falaram da anulação da lei de extradição, 95% apontaram o seu desagrado com a atuação da polícia nas manifestações e 92% pediram a criação de uma comissão independente de inquérito sobre a violência policial.

Hong Kong, antiga colónia britânica, está a atravessar a sua pior crise política desde a sua transferência para as autoridades chinesas em 1997.

Nos últimos dois meses, o território tem sido palco de manifestações quase diárias que muitas vezes têm degenerado em confrontos entre as forças policiais e ativistas mais radicais.

Iniciada em junho contra um projeto-lei de alteração, entretanto suspenso, à lei da extradição (que visava permitir extradições para Pequim), a contestação nas ruas generalizou-se e ampliou as suas reivindicações, denunciando agora o que os manifestantes afirmam ser uma "erosão das liberdades" e uma ingerência da China nos assuntos internos daquele território.

A demissão da chefe do Governo de Hong Kong, Carrie Lam, que conta com o apoio da China, é uma das exigências dos manifestantes pró-democracia.

Desde a passada sexta-feira, os manifestantes pró-democracia têm estado concentrados junto do aeroporto internacional de Hong Kong, situação que obrigou, na segunda e na terça-feira, ao cancelamento de centenas de voos.

Lusa