A responsável curda Ilham Ahmed apelou esta quinta-feira em Bruxelas aos países da União Europeia para "congelarem as relações diplomáticas com a Turquia chamando imediatamente os seus embaixadores" na sequência da ofensiva de Ancara no nordeste sírio.
"Queremos uma intervenção urgente em relação a esta crise, estes ataques devem ser travados rapidamente", declarou à imprensa, exortando o Conselho de Segurança da ONU, que discute hoje a intervenção turca, a decidir a criação de uma "zona de exclusão aérea".
"A retirada norte-americana colocou-nos em perigo", denunciou a responsável do Conselho Democrático Sírio, braço político das Forças Democráticas Sírias, alertando para o risco de fuga de 'jihadistas' detidos pelas FDS, coligação curdo árabe e "ponta de lança" do combate ao Daesh.
Ilham Ahmed disse que "uma das prisões onde se encontram membros do Daesh e que está sob controlo das FDS foi bombardeada ontem (quarta-feira) por caças sírios e é provável que membros do Daesh que estavam presos tenham escapado".
A responsável observou que houve "grandes reações da parte da União Europeia", adiantando: "Mas só ficaremos satisfeitos quando essas reações se traduzirem em ações". Evocou ainda a possibilidade de "sanções económicas" contra a Turquia.
"Pedimos a (presidente norte-americano Donald) Trump para tentar encontrar uma solução política e desenvolver um diálogo, em vez de nos abandonar e de deixar o caminho livre à Turquia para nos atacar", disse Ilham Ahmed.
"Os Estados Unidos deviam ter em conta o facto de que pagamos um preço muito alto", disse, indicando o número de 11.000 mortos no combate aos 'jihadistas' e exortando Washington a continuar ao seu lado "para manter a paz e a estabilidade no interesse de todos".
A operação militar de Ancara na Síria tem como alvo milícias curdas, que foram aliadas chave dos Estados Unidos no combate aos 'jihadistas' do Daesh, mas que a Turquia considera terroristas.
Lançada após uma controversa retirada de tropas norte-americanas, a ofensiva turca iniciada na quarta-feira já matou 15 pessoas, incluindo oito civis, e desencadeou críticas internacionais.
Trump classificou a ofensiva de "má ideia" e disse esperar que o chefe de Estado turco, Recep Tayyip Erdogan, aja de modo "racional" e tão "humano" quanto possível.
Lusa