Mundo

Sudão assina acordos de paz para acabar com guerra civil de 17 anos

Os acordos foram assinados pelos líderes dos movimentos armados e pelo vice-presidente do Conselho Soberano do Sudão.

Sudão assina acordos de paz para acabar com guerra civil de 17 anos
MOHAMED NURELDIN ABDALLAH

Os movimentos armados integrados na Frente Revolucionária do Sudão, a Aliança Sudanesa Jamis Abdalla e o Governo do Sudão assinaram esta segunda-feira um acordo de paz para terminar a guerra civil que dura há 17 anos.

Os acordos, divididos em cinco processos independentes nas zonas de Darfur, Kordofán e no Nilo Azul, foram assinados pelos líderes dos movimentos armados e pelo vice-presidente do Conselho Soberano do Sudão, o general Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido como Hemedti, enquanto representante do Governo.

Os oito protocolos abrangem questões de segurança, propriedade de imóveis, justiça de transição, reparações e compensações, desenvolvimento do setor nómada e pastoral, partilha de riqueza, partilha de poder e regresso de refugiados e deslocados.

As negociações para a paz, prioridade no novo Governo sudanês depois da queda, em abril de 2019, do autocrata Omar al-Bashir, começaram em novembro, em Juba, capital do Sudão do Sul.

O acordo estipula que os movimentos armados devem, a prazo, ser desmantelados e os seus combatentes devem juntar-se ao exército legal, que será reorganizado para representar todos os povos sudaneses.

No entanto, dois grupos não assinarão os acordos de segunda-feira: o Movimento de Libertação do Sudão (MLS), de Abdelwahid Nour, e o Movimento Popular de Libertação do Sudão-Norte (SPLA-N), de Abdelaziz al-Hilu.

Vários acordos de paz anteriores fracassaram, como o de Abuja (Nigéria), em 2006, e o de 2010 no Qatar.

Em Darfur, a guerra começou em 2003 e fez pelo menos 300.000 mortos e 2,5 milhões de deslocados nos primeiros anos, de acordo com a ONU, e em Kordofan do Sul e no Nilo Azul a guerra afetou um milhão de pessoas.