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Que bactéria é responsável pela morte de elefantes no Botsuana e Zimbabué?

Centenas de elefantes têm aparecido mortos nos dois países mas, ao que tudo indica, vítimas de duas bactérias diferentes.

Veterinários recolhem amostras de elefantes mortos no Zimbabué
Veterinários recolhem amostras de elefantes mortos no Zimbabué
AP

O Parque Nacional do Zimbábue avança hoje que uma doença bacteriana conhecida como septicemia hemorrágica pode ser responsável pela morte de 34 elefantes no país, uma semana depois de o Botsuana ter apontado para toxinas produzidas por outro tipo de bactéria como causa de morte de mais de 300 elefantes.

As autoridades estão a realizar mais testes aos elefantes mortos no Zimbabué para tentar obter resultados conclusivos. Por seu lado, o veterinário-chefe do Botsuana é da opinião de que há ainda perguntas sem resposta.

Alguns fatos sobre os diferentes microrganismos que terão causado a morte de elefantes nos dois países.

Qual é a bactéria culpada?

A bactéria pasteurella multocida provoca a septicemia hemorrágica que pode afetar gado, búfalos e outros animais.

Ocorre em partes da Ásia e da África e costuma ser fatal.

As cianobactérias, responsáveis pelas mortes de elefante no Botsuana, são microorganismos comuns na água e também ocorrem no solo. Algumas podem produzir toxinas que danificam o fígado ou o sistema nervoso de animais e humanos.

Fotografias de vários elefantes mortos no delta do Okavango
PHOTOGRAPHS OBTAINED BY REUTERS

Como proliferam e se transmitem?

As bactérias podem entrar nos organismos animais pela ingestão de alimentos e de água contaminados ou por secreções respiratórias.

As cianobactérias proliferam em condições quentes e ricas em nutrientes. Quando se multiplicam, aparecem como flores que se espalham pela superfície de um lençol de água, descolorindo-o

Os fertilizantes usados pelos agricultores podem estimular a formação de cianobactérias.

Qual é o impacto sobre os elefantes?

Estima-se que o Zimbábue e o Botsuana sejam o lar de mais de 200 mil elefantes, aproximadamente metade da população de elefantes do continente.

O número de elefantes nos dois países estão em níveis historicamente altos e os especialistas em vida selvagem ainda não acreditam que estejam sob grave ameaça.

No Zimbabué existe uma sobrepopulação de elefantes. Apesar de ter uma capacidade ecológica para 45.000 a 50.000 paquidermes, atualmente existem mais de 84.000 animais.

Na Reserva Hwange, que tem entre 45.000 e 53 mil elefantes em cerca de 14.600 quilómetros quadrados, muitos deles morreram de fome e sede nos últimos anos.

O vizinho Botsuana tem 130 mil elefantes na natureza, a maior população do mundo.

Há relação com as alterações climáticas?

Embora ainda seja muito cedo para fazer tal ligação definitiva, os cientistas afirmam que a proliferação de cianobactérias tóxicas está a acontecer com mais frequência por causa do aumento das temperaturas globais.

Em geral, os cientistas dizem que a mudança climática pode pressionar as populações de elefantes à medida que a quantidade de água disponível diminui e a temperatura aumenta, aumentando potencialmente o risco de surtos de patogenos no futuro.

As temperaturas da África Austral estão a subir duas vezes mais que a média global, tornando a região especialmente vulnerável.

Elefante encontrado morto da região de Mababe, Bostsuana
Siphiwe Sibeko