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Cruz Vermelha denuncia detenção de trabalhadores enquanto ajudavam feridos em Myanmar

Segundo a Cruz Vermelha, a crise em Myanmar ameaça a saúde devido à paralisação de serviços básicos, como transportes ou bancos, o que pode dificultar a manutenção de programas de ajuda humanitária.

Cruz Vermelha denuncia detenção de trabalhadores enquanto ajudavam feridos em Myanmar
ASSOCIATED PRESS

A Cruz Vermelha Internacional denunciou esta quinta-feira a detenção de trabalhadores da organização em Myanmar, depois de serem intimidados e feridos enquanto prestavam serviços a manifestantes atacados pelas forças de segurança.

A Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente (FICV) admitiu, em comunicado, estar preocupada com a crise humanitária que se desenvolveu em Myanmar (antiga Birmânia) desde o golpe militar de 1 de fevereiro e que já provocou 536 mortos, de acordo com a Associação para Assistência a Presos Políticos.

"Os assistentes de primeiros socorros e médicos foram injustamente presos, intimidados ou feridos e as ambulâncias da Cruz Vermelha danificadas. É inaceitável", afirmou o diretor regional da FICV para a região do Pacífico Asiático, Alexander Matheou. "Os profissionais de saúde nunca devem ser um alvo. Devem ter acesso humanitário irrestrito às pessoas necessitadas", acrescentou Matheou.

Segundo a Cruz Vermelha, a crise em Myanmar ameaça a saúde devido à paralisação de serviços básicos, como transportes ou bancos, o que pode dificultar a manutenção de programas de ajuda humanitária.

Além disso, lembrou Matheou, aumenta o risco de surgir uma vaga de infeções por covid-19, que criaria uma "tempestade perfeita" no país.

Apesar da repressão realizada pelas forças leais à junta militar que tomou o poder há dois meses, os protestos recomeçaram hoje nas principais cidades do país, tendo os manifestantes anunciado que irão queimar exemplares da Constituição de 2008, declarada nula na quarta-feira à noite pelo chamado Governo civil da Birmânia, composto por elementos eleitos em novembro e depostos pela junta.

O risco de uma guerra civil levou a enviada especial da ONU a Myanmar, Christine Schraner Burgener, a alertar, na quarta-feira, para "um banho de sangue iminente" e a pedir ao Conselho de Segurança das Nações Unidas para considerar a adoção de "ações significativas que possam reverter o curso dos acontecimentos" neste país asiático.

Os militares justificam o golpe alegando ter havido fraude em novembro, quando o partido de Aung San Suu Kyi venceu as eleições, consideradas legítimas pelos observadores internacionais.