A Embaixada de Israel na China protestou esta quarta-feira contra o que descreveu como o "antissemitismo flagrante" de um programa do canal internacional da emissora chinesa CCTV, que aborda a violência em curso em Gaza e outros lugares.
"Estamos chocados ao ver o antissemitismo flagrante expresso num meio de comunicação oficial chinês", lê-se na mensagem, difundida via Twitter.
A embaixada disse "esperar que os tempos das teorias de conspiração sobre os judeus a controlar o mundo tenham acabado, mas, infelizmente o antissemitismo voltou a mostrar a sua cara feia".
Na transmissão da CGTN, de terça-feira, o apresentador Zheng Junfeng questionou se o apoio dos Estados Unidos a Israel era realmente baseado em valores democráticos compartilhados.
"Algumas pessoas acreditam que a política pró-Israel dos EUA pode ser atribuída à influência dos judeus ricos nos EUA e do 'lobby' judeu nos decisores da política externa norte-americana", apontou. "Os judeus dominam os setores das finanças e da Internet", disse Zheng. "Eles têm 'lobbies' poderosos, há quem diga? É possível", observou.
Zheng acusou os EUA, o maior rival geopolítico da China, de usar Israel como um "ponta-de-lança" no Médio Oriente, na sua campanha para derrotar o pan-arabismo.
Não houve nenhum comentário imediato da CCTV, que opera a CGTN para atender a públicos estrangeiros.
China é há muito uma forte apoiante da causa palestiniana
A China é há muito uma forte apoiante da causa palestiniana e, nos últimos dias, o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês criticou os EUA por bloquearem uma declaração do Conselho de Segurança das Nações Unidas a condenar a violência.
No entanto, desde o estabelecimento de relações diplomáticas formais com Israel, em 1992, Pequim tem cultivado estreitos laços económicos, tecnológicos e militares, incluindo a compra dos primeiros modelos de veículos aéreos não tripulados (drones) feitos por Israel.
O judaísmo não é uma das religiões oficialmente reconhecidas na China e os estereótipos sobre os judeus como homens de negócios astutos e manipuladores de mercado são comuns entre o público chinês.