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Desvio de avião. "Sem o apoio de Putin, Lukashenko não ousaria fazer uma coisa destas"

José Milhazes analisa a situação da detenção do jornalista Roman Protasevich e o impacto que este episódio terá na União Europeia.

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Na televisão estatal bielorrussa, foi divulgado, esta terça-feira, um vídeo gravado na prisão, no qual o jornalista Roman Protasevich confessa ter organizado protestos em massa na capital do país, Minsk. José Milhazes, comentador da SIC Notícias, analisa a situação que está a causar tensão entre a União Europeia e o Governo de Alexandr Lukashenko.

“Eu não acreditaria neste vídeo e na forma tão feliz como esta pessoa se sente na prisão, depois de tudo o que aconteceu dentro do avião e a forma como foi tratado e como foi detido”, afirma o comentador. “Devemos olhar com certezas, tendo em conta o regime bielorrusso, que aquilo que ele está a dizer está a ser obrigado a dizer. Há indícios de que tenha sido espancado e torturado”, acrescenta.

José Milhazes considera que toda a atuação do Governo bielorrusso, desde o desvio do avião até à detenção do jornalista, teve apoio da Rússia. “Penso que sem o apoio de Putin, ele [Lukashenko] não ousaria fazer uma coisa destas”, afirma o comentador que usa como justificação a forma “bastante vergonhosa de tentar não condenar este ato de pirataria aérea” por parte da Moscovo.

“Aquilo é, de facto, uma ditadura. Uma ditadura no centro da Europa pode causar problemas – já está a causar graves problemas aos cidadãos bielorrussos –, pode ser um perigo eminente para a Europa porque ele teve esta ideia, mas poder ideias ainda mais rocambolescas”, alerta Milhazes.

Sobre o papel dos 27 neste episódio, o comentador considera que “a União Europeia não pode fazer mais do que proibir utilizar o espaço aéreo da Bielorrússia e não permitir a aviões bielorrussos entrar no espaço aéreo europeu”.

Para além disso, considera também que a UE tem de “analisar as reações com a Rússia” e “consolidar posições”, de forma a evitar situações como o caso da visita de Josep Borrell, alto representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança a Moscovo, onde foi “pura e simplesmente humilhado publicamente pelo ministro dos Negócios Estrangeiros russo”, lembra Milhazes.