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Desflorestação da Amazónia brasileira bate recorde em outubro

Amazónia brasileira perdeu 877 quilómetros quadrados de floresta em outubro.

Desflorestação da Amazónia brasileira bate recorde em outubro
Andre Penner

A Amazónia brasileira perdeu 877 quilómetros quadrados de floresta em outubro, destruição 5% maior do que os registos obtidos no mesmo mês de 2020, informou esta sexta-feira o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

De acordo com os dados registados mensalmente pelo Sistema de Deteção de Desmatamento em Tempo Real da Amazónia Legal (Deter) do INPE, que monitora o bioma através de satélites, foi a maior área devastada no mês de outubro desde 2016.

O recorde anterior para outubro havia sido registado em 2020, com 836 quilómetros quadrados de floresta destruída.

Dados oficiais também indicam que a destruição da Amazónia brasileira no mês passado foi menor do que em setembro, quando mais de 984 quilómetros quadrados de vegetação nativa foram devastados na área.

A metodologia utilizada pelo Deter é baseada em imagens de satélite do INPE para alertar antecipadamente sobre as áreas que estão sendo destruídas.

No total, foram 4.519 avisos de desflorestação enviados pelo sistema em outubro.

A desflorestação da Amazónia brasileira acumula cerca de 8.000 quilómetros quadrados nos primeiros 10 meses do ano e está próximo ao valor de 2020, quando 10.900 quilómetros quadrados de vegetação nativa foram cortados na floresta, o maior índice em 12 anos.

Os números divulgados esta sexta-feira contradizem o discurso do Governo brasileiro na 26.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26), onde representantes do país afirmaram que as taxas de destruição da floresta vêm caindo devido à intensificação das ações de controlo e fiscalização para conter a devastação florestal.

O ministro do Meio Ambiente do Brasil, Joaquim Leite, garantiu na quarta-feira, em Glasgow, que o Brasil eliminará o "desflorestamento ilegal" até 2028 e que reduzirá em 50% a emissão de gases de efeito estufa até 2030.

COP26: conseguido acordo para travar desflorestação

Os líderes de mais de 100 países comprometeram-se na cimeira do clima das Nações Unidas a travar a desflorestação até 2030 para combater as alterações climáticas.

A iniciativa tem como principal objetivo limitar o aquecimento global, e manter o aumento da temperatura abaixo dos 1,5 graus Celsius.

Boris Johnson e Joe Biden na Cimeir do Clima (COP26).
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Entre os signatários do compromisso, estão o Brasil e a Rússia, países acusados da aceleração da desflorestação nos seus territórios, bem como os Estados Unidos, a China, a Austrália e a França.

Os mais céticos receiam que os discursos e as boas intenções da cimeira em Glasgow não passem disso mesmo, e que o mundo continue a caminhar para aquilo a que o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, chamou de catástrofe climática.

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