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Comissão que investiga ataque ao Capitólio intima grupos de extrema-direita

Elementos dos 'Proud Boys' e 'Oath Keepers' estão entre os intimados para prestarem o seu testemunho e divulgarem documentos.

Enrique Tarrio, líder dos Proud Boys
Enrique Tarrio, líder dos Proud Boys
Allison Dinner

A comissão de investigação do ataque ao Capitólio, ocorrido em 06 de janeiro, emitiu na terça-feira novas intimações, desta vez a organizações extremistas como os 'Proud Boys' ou os 'Oath Keepers', bem como aos seus líderes.

"O comité de inquérito procura informações de indivíduos ou organizações supostamente envolvidas no planeamento do ataque, com multidão violenta, que invadiu o Capitólio em 06 de janeiro, ou nos esforços para anular os resultados das eleições presidenciais", revelou o presidente da comissão, o democrata Bennie Thompson, em comunicado.

Estas intimações são as mais recentes numa ampla rede de testemunhas que o comité de inquérito da Câmara dos Representantes criou, num esforço para investigar o tumulto onde apoiantes do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, alimentados com falsas alegações de fraude eleitoral, agrediram forças policiais e invadiram o Capitólio numa tentativa de interromper a certificação da vitória do democrata Joe Biden.

A comissão já interrogou mais de 150 pessoas, incluindo membros da administração de Trump, ex-assessores do republicano, órgãos de comunicação social ou juízes.

A maioria das mais de 20 testemunhas agora convocadas, incluindo várias que ajudaram a organizar o comício Stop the Steal [Parem com o roubo, em português] na manhã de 06 de janeiro, já indicaram que vão cooperar com o painel.

Elementos dos 'Proud Boys' ou 'Oath Keepers' estão entre os intimados para prestarem o seu testemunho e divulgarem documentos.

Henry "Enrique" Tarrio, presidente do gangue de extrema-direita 'Proud Boys', está entre os intimados, apesar de não ter sido acusado após o motim por não estar presente no local naquele dia.

Tarrio tinha sido detido dias antes quando chegou a Washington devido a um caso de vandalismo mas, mais tarde, a polícia confirmou que foi detido para ajudar, em parte, a conter a violência esperada para a manifestação no Capitólio.

No entanto, a comissão de investigação acredita que, mesmo sem ter estado presente, o líder dos 'Proud Boys' pode ter estado envolvido na organização.

O painel que investiga o ataque divulgou um 'podcast' de um outro líder deste grupo de extrema-direita onde apontava: "Quando a polícia ou membros do governo violam a lei o que devemos fazer enquanto cidadãos? Discursar? Debater? Não, temos de usar a força".

Também um advogado ex-membro dos 'Proud Boys', Jason Lee Van Dyke, está intimado pela comissão de investigação e já revelou que vai entregar registos que não estão protegidos pela cláusula de confidencialidade advogado-cliente, embora tenha referido que a sua ligação aquele grupo terminou em novembro de 2018.

Mais de 30 líderes, membros ou associados dos 'Proud Boys', grupo que emergiu durante a governação de Trump e afirma ter mais de 30 mil membros, estão entre os acusados pelo ataque ao Capitólio.

Também na terça-feira foi intimado um outro grupo de extrema-direita, os 'Oath Keepers', fundado em 2009 e que recruta antigos e atuais militares ou policias, bem como o seu fundador Elmer Stewart Rhodes.

Para a comissão de investigação Rhodes pode ter sugerido que os membros do grupo deviam envolver-se em violência para assegurar o resultado eleitoral pretendido e que este estaria em contacto com vários membros do grupo que foram acusados antes, durante e depois do ataque ao Capitólio.

A comissão da Câmara dos Representantes intimou também na terça-feira o ex-conselheiro de Donald Trump Roger Stone e o teórico da conspiração norte-americano de extrema-direita Alex Jones.

Alguns aliados de Donald Trump intimados a testemunhar têm recusado cooperar com a investigação.

Steve Bannon, antigo conselheiro do republicano, foi indiciado em 12 de novembro por duas acusações de desacato ao Congresso, após ter desafiado a intimação emitida pela comissão de investigação.

O mesmo painel deu agora mais tempo ao ex-chefe de gabinete de Trump na Casa Branca, Mark Meadows, para cumprir a intimação antes de o acusar de desacato.

PETE MAROVICH