Coronavírus

OMS alerta para "cocktail tóxico: poucas pessoas vacinadas e testadas"

Uma combinação que, alertou o diretor-geral da OMS esta quarta-feira, contribui para reproduzir e ampliar novas variantes do SARS-CoV-2.

OMS alerta para "cocktail tóxico: poucas pessoas vacinadas e testadas"
FABRICE COFFRINI / POOL

Num momento em que o mundo está a braços com uma nova variante do SARS-CoV-2, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) deixou um alerta para um "cocktail tóxico" e perigoso.

"Globalmente, temos um cocktail tóxico [relacionado com] a baixa cobertura de vacinas e testes - uma receita para reproduzir e ampliar variantes. É por isso que continuamos a instar os países a financiar totalmente o ACTAccelerator, para garantir o acesso equitativo a vacinas, testes e terapêuticas em todo o mundo", afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, na conferência da OMS realizada esta quarta-feira.

Quanto à nova variante, a responsável pela gestão da covid-19 na OMS, Maria Van Kerkhove, disse esperar ter nos próximos dias mais informações sobre a transmissibilidade da Ómicron, já considerada "variante de preocupação".

Ainda assim, Maria Van Kerkhove admitiu que é possível que a Ómicron, identificada pela primeira vez na província de Gauteng, na África do Sul, possa ser mais transmissível do que a variante Delta, atualmente dominante no mundo.

A OMS reconhece que as vacinas podem ser menos eficazes face à nova variante, mas insiste em evitar alarmismos.

No seu boletim epidemiológico semanal, a OMS, que até agora recebeu notificações da nova variante em 23 países, indica que algumas mutações da Ómicron "podem aumentar a sua capacidade de transmissão e/ou permitir um certo grau de perda de imunidade".

Isso já aconteceu com a variante Delta, que, entretanto, se tornou a dominante no mundo - com mais de 99% dos casos globais - reduzindo a proteção do contágio de 60 para 40%, segundo indicou há uma semana a própria OMS.

No entanto, de acordo com o mesmo boletim, as vacinas parecem manter a sua eficácia contra as formas graves da doença, incluindo os contágios pela Ómicron, ressalvando que, mesmo assim, os dados atuais ainda são limitados devido ao relativamente baixo número de casos estudados.

"Não se deve assustar desnecessariamente a opinião pública", disse a especialista, sublinhando que "mesmo que exista uma redução da eficácia das vacinas existentes, continua a ser melhor ser vacinado, porque se podem salvar vidas".

Os últimos dados indicam que África regista um aumento de hospitalizações, mas Van Kerkhove assinalou que pode ser explicado por uma consequência normal do aumento de casos em geral naquele continente, e não apenas os da nova variante.

Portugal tem agora 14 casos confirmados da variante Ómicron do SARS-CoV-2, anunciou esta quarta-feira o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC), falando num total de 59 pessoas infetadas com esta estirpe na Europa.

Numa atualização epidemiológica publicada ao início da tarde, que tem por base dados facultados ao ECDC pelos Estados-membros da União Europeia e Espaço Económico Europeu (UE/EEE) até às 12h (hora de Bruxelas, menos uma em Portugal), esta agência europeia informa que "15 casos adicionais da variante de preocupação Ómicron foram confirmados, elevando o total para 59".

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