O papa Francisco aceitou encontrar-se com a comissão que publicou um relatório sobre abusos sexuais na igreja católica francesa, revelou esta segunda-feira o presidente da Conferência Episcopal do país, Éric de Moulins-Beaufort.
O arcebispo disse à imprensa que Francisco concordou "em princípio" reunir-se com os elementos da comissão independente, mas que teria de ser encontrada uma data, depois da inicialmente prevista, 9 de dezembro, ter sido ultrapassada sem que a audiência se realizasse.
O relatório da comissão independente francesa estima que cerca de 330 mil crianças foram vítimas de abusos sexuais por parte de clérigos católicos, líderes de escuteiros ou outros funcionários da Igreja entre 1950 e 2020.
A estimativa teve por base uma pesquisa mais ampla do Instituto Nacional de Saúde e Investigação Médica de França sobre o abuso sexual de crianças no país, mas foi criticada por ser muito mais alta do que outros relatórios nacionais semelhantes sobre o problema.
Os bispos franceses, no entanto, aceitaram o relatório e prometeram tentar reparar os danos, anunciando que irão compensar as vítimas, mesmo vendendo ativos, dada a "responsabilidade institucional" da igreja.
Segundo Moulins-Beaufort, o papa disse que não leu o relatório de 500 páginas, que ainda só está disponível em francês, mas apreciou "a dignidade da atitude" dos bispos ao fazerem das vítimas "o foco" da resposta da igreja.
"Encorajou-nos e agradeceu-nos por isso", disse o arcebispo francês.
No início de dezembro, a Conferência Episcopal Portuguesa anunciou também a criação de uma Comissão Independente para o Estudo dos Abusos de Menores na Igreja, sob a coordenação do pedopsiquiatra Pedro Strecht.
Saiba mais:
- Pedro Strecht vai liderar comissão para acompanhar casos de abusos sexuais na Igreja
- Abusos sexuais na Igreja: “O Papa Francisco já não podia com a vergonha”
- Conferência Episcopal Portuguesa aprova criação de comissão nacional para investigar abusos sexuais
- "Abusos sexuais de menores na Igreja são um problema tão antigo quanto o próprio cristianismo"
- Escândalo na Igreja Católica: Papa Francisco manifesta "vergonha e tristeza"