Os protestos que estão a abalar o Irão começaram há três meses. Foram desencadeados pela morte de Mahsa Amini, uma jovem curda que morreu depois de ter sido detida por infração às regras de utilização do véu islâmico.
Quatro décadas depois da Revolução Islâmica que derrubou o Xá da Pérsia e transformou o Irão numa teocracia, nas ruas das cidades iranianas começa outra revolução.
Num país muçulmano, de maioria xiita, a religião, que numa primeira fase ajudou a legitimar a mudança de regime em 1979, acabou por se tornar sobretudo uma ferramenta de opressão política e social.
Mahsa Amini nasceu 21 anos depois da chegada ao poder do Ayatollah Khomeini. A jovem morreu no dia 16 de setembro de 2022, três dias depois de ter sido detida e alegadamente espancada pela chamada polícia dos costumes, que a interpelou por uso incorrecto do véu islâmico.
Os protestos começaram sobretudo em zonas curdas no dia seguinte à morte da jovem, mas em pouco tempo alastraram a mais de 80 cidades.
Nos últimos três meses, estima-se que centenas de pessoas tenham morrido vítimas da violenta repressão das manifestações.
De acordo com as Nações Unidas, dezenas das vítimas mortais são crianças e adolescentes.
Em três meses, mais de 14 mil pessoas terão sido detidas. Pelo menos seis pessoas foram condenadas à morte, duas delas foram executadas.