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"Os campos de concentração deste século": migrantes contestam centros sobrelotados no México

Cerca de 3.000 migrantes caminharam em forma de protesto, este domingo, rumo à capital Cidade do México. O objetivo de todos é o mesmo: chegar aos Estados Unidos e fugir da pobreza e violência dos centros de migrantes.

Migrantes
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No México, cerca de 3.000 migrantes saíram de uma cidade no Sul e caminharam em forma de protesto, este domingo, rumo à capital Cidade do México. Almejam fugir da pobreza e da violência na América Central e pedir asilo nos Estados Unidos.

Estas pessoas desistiram de esperar por respostas, depois de meses retidas em centros de migrantes sobrelotados. Agora vão andar 10 dias em busca de uma vida melhor.

Uma migrante das Honduras, que dá a mão para uma das suas filhas, diz que “não há outra alternativa”.

“Não me resta outra alternativa a não ser seguir em frente. Não podemos desistir. Queremos ir para onde todos querem, os Estados Unidos. Tenho de lutar por um melhor futuro para a minha filha e para a outra que eu deixei em Honduras.

Os migrantes vêm de Honduras, da Venezuela e de toda a América do Sul, mas também da China e de outros países asiáticos, segundo as autoridades mexicanas.

“Há que continuar, pois eu parti com um sonho. Minha mulher está grávida de quatro meses. O meu sonho é chegar aos Estados Unidos e dar tudo a minha filha, garante um manifestante..

“Os centros de migração são os campos de concentração deste século”

Irineo Mujica exige “o fim do Instituto Nacional da Migração”. “Queremos justiça para os migrantes que morreram e que os responsáveis vão para a prisão”, afirma o ativista, em alusão ao violento incêndio que em março matou 40 pessoas num centro de migrantes no norte do México.

“Queremos que o presidente do México, Obrador, nos preste atenção, pois a nossa causa é nobre. Exigimos a demissão do diretor das migrações pois estes centros são os campos de concentração deste século", afirma um migrante. ”O sangue derramado exige justiça", exclama outro.

Os Estados Unidos já anunciaram que vão aumentar o apoio aos migrantes do outro lado da fronteira.

Responsáveis na mira da justiça

No México, foi detido o responsável máximo regional do Instituto Nacional de Migração, Salvador González, formalmente acusado de homicídio, e outros 5 funcionários, assim como um migrante venezuelano suspeito de ter ateado o fogo em colchões dentro do centro de detenção.

Salvador González vai continuar na prisão até o julgamento.

Segundo o The Guardian, o principal oficial do Instituto Nacional da Migração, Francisco Garduño Yáñez, também pode vir a responder pela morte dos 40 migrantes no centro de detenção em Juárez.

Garduño Yáñez, nomeado pelo presidente do México, é o funcionário de mais alto escalão a enfrentar acusações pela tragédia.

Auditoria encontrou “padrão de irresponsabilidade”

Durante a investigação, as auditorias constaram “um padrão de irresponsabilidade e omissões repetidas” no centro de detenção. Garduño foi, assim, “negligente” em não prevenir o desastre, apesar de já existirem na altura indícios dos problemas de segurança.