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Caos na fronteira México-EUA: milhares de migrantes aguardam fim do Título 42

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Do lado mexicano, aguarda-se uma decisão do Supremo Tribunal norte-americano, que está na iminência de anunciar o fim ou não do Título 42.

Na véspera do fim do Título 42, dezenas de milhares de migrantes aguardavam esta quarta-feira ao longo da fronteira norte do México para atravessar para os Estados Unidos. Perante o caos, a presença policial e até militar foi reforçada.

Em Tijuana, na fronteira com a Califórnia, milhares de migrantes de várias nacionalidades, incluindo famílias inteiras e crianças, reúnem-se junto aos muros da fronteira esperando o fim do Título 42 - marcado para quinta-feira à noite - para pedir asilo humanitário nos Estados Unidos.

O acampamento vem crescendo desde o fim de semana passado com pessoas da Colômbia, Venezuela, Peru, Haiti e Honduras, mas também de países distantes como Turquia e Bósnia, além de mexicanos dos estados do sul de Michoacán e Guerrero, onde a violência do crime organizado os colocou em fuga.

O que é o Título 42?

O Título 42 foi uma medida adotada pelo ex-presidente Donald Trump em 2020 e, posteriormente expandida pelo atual Presidente, Joe Biden, para expulsar migrantes sob pretexto da pandemia covid-19, uma declaração de emergência que está prestes a acabar.

Várias migrantes, que não se quiseram identificar, disseram estar sobrecarregadas e cansadas com a incerteza sobre o seu futuro, situação agravada porque não sabem como vai funcionar o novo Título 8, que reúne todas as leis migratórias dos Estados Unidos e que fornece procedimentos de deportação acelerada para requerentes de asilo cujas histórias parecem carecer de credibilidade.

A região enfrenta um fluxo migratório sem precedentes, com mais de 2,76 milhões de imigrantes indocumentados intercetados pelos Estados Unidos na fronteira com o México em 2022.

Face a toda a situação e para ajudar as autoridades locais, os Estados Unidos mobilizaram esta quarta-feira mais de 25.000 agentes na fronteira com o México e adotaram novas restrições ao direito de asilo, antes da mudança legal.

Mais controlo na fronteira norte-americana

O Governo anunciou esta quarta-feira o destacamento de "mais de 24.000 agentes e agentes da lei, assim como mais de 1.100 coordenadores" da polícia de fronteira.

Estes números não incluem os 1.500 militares enviados pelo Ministério da Defesa, em reforço aos 2.500 já no local.

Para incentivar os canais legais de imigração, Washington prevê abrir eventualmente uma centena de "centros de gestão regional", localizados fora do país, e onde serão estudados os processos dos candidatos à emigração. Os primeiros estão previstos na Colômbia e Guatemala.

Estas novas regras foram fortemente criticadas por associações de defesa dos migrantes que acusam Joe Biden de levar a cabo uma política migratória não muito diferente da do seu antecessor, Donald Trump.

Juntamente com as novas restrições, o Governo dos EUA está a conceder trinta mil vistos adicionais por mês para cidadãos de Cuba, Venezuela, Guatemala e Haiti.