Um funcionário da residência Mar-a-Lago estava a drenar a água da piscina da mansão e acabou por inundar a sala de informática onde o ex-Presidente, Donald Trump, tinha os registos de videovigilância, informou uma fonte à CNN. Os procuradores federais consideram o incidente suspeito, porque aconteceu dois meses depois das buscas à mansão, conduzidas pelo FBI.
Não é claro se a sala foi intencionalmente inundada ou se foi um mero acidente, mas o certo é que aconteceu no meio de uma série de eventos que os procuradores federais consideram “suspeitos”.
Segundo a CNN, pelo menos uma testemunha foi interrogada pelos procuradores a propósito da inundação na sala de informática, como parte da investigação federal sobre o manuseio de documentos confidenciais pelo ex-Presidente.
Porém, os equipamentos que se encontravam na sala não foram danificados pela inundação, de acordo com fontes.
De acordo com a CNN, para além do próprio Trump e do seu assessor pessoal, Walt Nauta, o gabinete do procurador especial está a centrar a sua investigação de obstrução à Justiça num funcionário da manutenção de Mar-a-Lago.
O trabalhador, que não foi identificado no relatório, teria ajudado Nauta a mover as caixas de documentos classificados antes das buscas de agosto. E foi o mesmo homem que foi responsável por inundar a sala de informática.
O incidente não foi relatado anteriormente, ocorreu há cerca de dois meses depois do FBI ter recuperado centenas de documentos confidenciaisda residência de Trump e quando obtiveram imagens de videovigilância para examinar como é que os registos da Casa Branca foram parar a Mar-a-Lago.
Procuradores federais têm estado atentos a tentativas de obstrução
Desde que Donald Trump recebeu a intimação, em maio de 2022, os procuradores federais têm estado atentos a qualquer esforço ou tentativa para obstruir a investigação do Departamento de Justiça.
A Organização Trump foi intimidada por imagens de vigilância de Mar-a-Lago no verão de 2022, antes da busca do FBI em agosto.
Possível caso de conspiração de obstrução
As circunstâncias podem levar a um possível caso de conspiração de obstrução, disseram várias fontes à CNN, enquanto os investigadores tentam determinar se os eventos do ano passado em Mar-a-Lago indicam que Trump ou um pequeno grupo de pessoas que trabalham para ele tomaram medidas para tentar interferir na recolha de provas do Departamento de Justiça.
Ao sair da Casa Branca, depois de derrotado por Joe Biden, nas eleições presidenciais de 2020, para se instalar na sua luxuosa residência Mar-a-Lago, no Estado da Florida, Trump levou consigo caixas cheias de documentos.
Contudo, uma lei de 1978 obriga todos os Presidentes a entregar a totalidade das suas mensagens de correio eletrónico, cartas e outros documentos de trabalho aos Arquivos Nacionais.
Uma outra lei, sobre espionagem, interdita de forma geral a posse de documentos classificados confidenciais em locais não autorizados nem seguros.
Em janeiro de 2022, Trump entregou 15 caixas. Depois de ver o seu conteúdo, a polícia federal (FBI, na sigla em Inglês) estimou que ele conservava provavelmente outras tantas.