Depois de uma semana violenta, a situação em França parece mais calma. Nas manifestações convocadas pelas autarquias ouviram-se sobretudo apelos à paz. O Presidente francês, Emmanuel Macron, fez na noite passada uma visita surpresa aos polícias de Paris, esteve numa esquadra e na sede da polícia da capital francesa. Por todo o país, repetem-se os apelos à calma. Em entrevista à SIC Notícias a partir de Paris, Carlos Pereira, diretor do LusoJornal, faz uma análise da situação em França, destaca a ameaça de grupos racistas na polícia e critica o fundo criado para apoiar a família do agente que matou o jovem Nahel.
O Presidente francês diz que é preciso olhar para esta tranquilidade com atenção, tendo em conta a data que se aproxima com muito significado para os franceses, o 14 de Julho.
"O Governo prefere manter aqui alguma prudência, mantém o mesmo dispositivo de segurança que tinha nestas últimas noites e mantém porque o 14 de Julho é sempre uma data em que há também muitos distúrbios e é também uma data que os franceses conhecem muito bem e que poderá dar azo a alguns atos de violência".
Carlos Pereira recorda que Macron não tem a maioria no Parlamento e que, por isso, tem de olhar para as "pressões" da direita da esquerda.
Entretanto, o fundo para apoiar a família do polícia que matou o jovem de 17 anos já ultrapassou 1 milhão de euros. Foi criado por um político de extrema direita e conta com mais de 58 mil doações.
Para o diretor do LusoJornal, este fundo “é um escândalo e tem sido aqui acompanhado de vários outros escândalos que não são tão mediatizados. Há grupos a associações de polícias que emitiram comunicados nestes últimos dias, que são comunicados racistas, fortemente racistas”.
Carlos Pereira, a viver em França há 40 anos, explica que “há um problema numa parte na polícia, que é necessário resolver, que cria algum desconforto, muito ligado grupos de extrema direita”.
“Não faz sentido numa sociedade que é uma sociedade multicultural, como é a francesa, ter grupos racistas na polícia, isso terá de ser resolvido”, conclui.