Há quem tenha no corpo apenas tudo o que lhe resta. Para muitos nas zonas mais atingidas pelo sismo em Marrocos resta quase nada. A reportagem é dos enviados especiais da SIC.
Em Talat Nyaaqoub, a poucos quilómetros dos epicentro do sismo, basta olhar em volta para perceber como as gentes daqui e não só o sentiram. 40 a 60 pessoas morreram, ficaram debaixo das suas próprias casas.
Alguns dos que ainda estavam na rua aquela hora sobreviveram, mas partem agora praticamente do zero.
“Quando cheguei a casa, já estavam muitas pessoas a tentar retirar os destroços da minha casa à procura de sobreviventes, mas quando conseguiram alcançá-los já tinham falecido, só tenho um filho que sobreviveu, está em Marraquexe no hospital em estado grave”, conta Tahiri, uma sobrevivente.
Tudo o que tem, traz no corpo Só lhe resta a roupa que veste, não tem nada, nem sequer para comer. Milhares estão assim, nas aldeias das Montanhas do Atlas que o sismo arrasou.
A prioridade das equipas de emergência é encontrar sobreviventes, embora seja mais comum a soma das vítimas. Retira-se pedra à pedra na esperança de achar quem possa estar ter resistido debaixo dos escombros.
Há ainda muitas zonas onde as autoridades nem sequer conseguiram alcançar. As máquinas trabalham para desimpedir o caminho que as tantas derrocadas inundaram de rocha. O trânsito na estrada que vai de Marraquexe até ao alto Atlas é infernal mesmo para aqueles cuja pressa é maior.
Pelo caminho juntam-se equipas de resgate, voluntários e curiosos.
Em Asni, uma pequena cidade da região, foram colocadas algumas tendas para albergar ou quem tudo perdeu, ou quem tem medo de regressar a casa.
"Há aqui famílias que perderam familiares próximos, crianças, que perderam tudo, ainda assim alguns tiveram sorte, obrigado meu Deus, temos aqui muitas aldeias, aqui à volta de Marraquexe, nas montanhas do Atlas que simplesmente desapareceram", diz Salah ad-Din.
Os que aqui moram agora não sabem sequer quanto tempo aqui vão ter de ficar. Podem ser meses, podem ser anos. Para já, o verão ajuda, mas em plena cordilheira do Atlas o inverno não promete ser uma grande companhia.